Vaias |
Hoje foi
lançado em Maceió o “Programa Juventude Viva” que vai investir
R$ 70 milhões de reais em Alagoas. Entre os motivos de Maceió ter
sido escolhida para ser piloto na implantação do Programa está sua posição no ranking da violência. Segunda cidade entre
as 132 que mais matam no Brasil. Em sua maioria, juventude negra da periferia. Outra três
cidades também serão atendidas pelo “Juventude Viva”,
Arapiraca, Marechal Deodoro e União dos Palmares.
Pela manhã também aconteceu um debate promovido por servidores municipais no
auditório da Antiga Reitoria, Praça Sinimbu. Como disse o candidato
do PSOL, Alexandre Fleming, em seu perfil no Twitter, “foi emblemático”. Nenhum dos
candidatos do governo do estado compareceram. Nem Rui, nem Jeferson e
nem Nadja. Dizer o quê a servidores?
Mas
voltemos ao lançamento do “Juventude Viva”. Tudo ocorreria como
manda o protocolo. As autoridades presentes fariam suas falas.
Falariam os ministros, falariam os prefeitos das cidades
contempladas, falariam representantes da sociedade civil, no caso,
representante – apenas uma pessoa falou, Rúbia Nascimento da PJMP
– e falaria o governador.
Até aí
tudo certo, não fosse a sonora vaia que Téo Vilela tomou. Estudantes
ligados à União Nacional dos Estudantes – UNE, puxaram uma vaia para o
governador no momento em que assinava o documento de implantação do
Programa no estado.
Confesso
que senti uma pontinha de saudosismo dos meus tempos de movimento
estudantil. Quando fui diretor da UNE, no biênio 2007 – 2009,
representei a sociedade civil na abertura da etapa estadual da 1ª
Conferência Nacional de Juventude em 2008 e desde aquele momento
exponho o mal que o jugo dos usineiros cooperados fazem ao nosso
estado e à nossa juventude.
Por
aqui em Alagoas, temos o pior Índice de Desenvolvimento Juvenil -
IDJ do Brasil, segundo pesquisa divulgada recentemente pelo
Ministério da Ciência e Tecnologia e pela Rede de Informação
Tecnológica Latino Americana. Os critérios dessa pesquisa foram:
saúde, educação, renda e ocupação. A juventude alagoana está
prioritariamente nas favelas, grotas e no campo. No campo em
condições subumanas, trabalhando no corte da cana, a 03 reais a
tonelada cortada. Que perspectiva podem ter esses jovens? Essa
relação de trabalho criminosa precisa acabar!”, disse.
A
vaia que Téo Vilela tomou na cerimônia, na frente de representantes
do governo federal, representa bem o sentimento do povo alagoano.
Esse governo piora a olhos vistos a condição de vida dos mais
pobres em Alagoas. Obedece, obviamente, a lógica de poder da
Cooperativa do Usineiros, vigente desde o século XVIII. Não
fosse o governo federal, primeiro com Lula e agora com Dilma, o
jargão “quem sair por último apaga a luz” teria se
materializado ainda em 2007.
Governo
federal aliás que não somente “salva” o governo tucano, como
também seu candidato à prefeitura de Maceió. Como? Eu explico.
Tirando
fazer a merenda nas escolas, visitar um posto de saúde por semana e
trocar lixo por comida nos bairros da periferia de Maceió, todas as
propostas de Rui Palmeira são programas federais. Ele não vai fazer
nada. Além de ruim,é preguiçoso.
Vale
ressaltar que Rui é do principal partido de oposição ao governo
federal, o PSDB. Seria cômico se não fosse trágico o estelionato
eleitoral que comete se escorando nos programas de um governo que ele
combate no Congresso Nacional.
A
vaia que Téo Vilela tomou é pouco diante dos constrangimentos que os estudantes
da Escola Estadual Geraldo Mello, no Graciliano Ramos estão passando
com as revistas diárias. Ou os estudantes que até agora, mês de
setembro, não tiveram suas aulas iniciadas. Ou os moradores da
Comunidade do Jacaré, às margens da AL – 101 sul que foram
removidos para que as elites pudessem ir para suas casas de veraneio
em pista duplicada enquanto eles ainda não tem suas casas concluídas
e o mangue da região não foi replantado, e aqui para nós, acho que
não será mais.
A
vaia é pouco perto dos nossos altos índices de violência e os
nossos baixos índices de desenvolvimento educacional. É até
pleonasmo eu citar isso nesse parágrafo, ainda temos escolas sem o
início das aulas, como já coloquei acima.
A
vaia foi pouca, mas deu para sentir um pouco que seja o que é estar com a alma lavada.
Alma que somente estará limpa e límpida quando a Cooperativa dos Usineiros –
determinando a vida aqui há tempo demais – não tiver mais o poder
que tem em Alagoas.
Um
viva aos estudantes brasileiros e à juventude!
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