Estudantes fiscalizam o processo eleitoral / Foto: Juventud Rebeld |
Quem
disse que em Cuba não há eleições? Com certeza alguém que bebe
diariamente do discurso hegemônico no planeta: o de que não existem
alternativas ao sistema capitalista e sua sociedade pasteurizada e de
consumo.
Cuba nem
de longe é exemplo de perfeição, mas está ainda mais distante de
exemplo a ser combatido. Lá não há analfabetos e seus sistema de
saúde é invejado em todo o mundo. O nosso PSF (Programa de Saúde
da Família) é inspirado no sistema cubano, por exemplo.
A mídia
hegemônica sempre repete a cantilena de que o modelo de democracia
bom é o ocidental-capitalista. Ou seja, o modelo estadunidense.
Sempre entre as críticas há o fato de em Cuba o único partido
reconhecido ser o Partido Comunista Cubano. Mas nos EUA só há dois.
E sem muita diferença entre eles.
Falam
também que lá só há a imprensa oficial e no Brasil, por exemplo,
a grande imprensa que domina inclusive os noticiários nos estado
periféricos com suas agências são em quatro com o mesmo discurso.
Na prática é quase a mesma coisa, sobre a imprensa e sobre os partidos.
Levanto
essas questões somente para ilustrar como a direita exagera no
discurso anti Cuba. Sem falar que em momentos como as eleições
por lá, quase não há divulgação, mesmo para detonar o sistema
político cubano.
Em Cuba,
até os candidatos são escolhidos pelo povo. E lá, não há
salários para os detentores de mandato.
Abaixo
reproduzo artigo de Vânia Barbosa, jornalista e presidente do
Conselho Deliberativo da Associação Cultural José Martí /RS para
o site Jornalismo B (clique aqui)
Eleições
em Cuba: quem indica os candidatos é o povo!
O
Conselho de Estado de Cuba convocou, no último 5 de julho, eleições
gerais para delegados às Assembleias Municipais, Provinciais e
Nacional do Poder Popular. Em uma primeira etapa, no dia 21 de
outubro os eleitores elegem, para um mandato de dois anos e meio, os
delegados às Assembleias Municipais, e em 28 de outubro, em segundo
turno, nas localidades onde nenhum dos candidatos tenha obtido 50%
dos votos válidos mais um. Os delegados às Assembleias provinciais
e à Assembleia Nacional do Poder Popular serão eleitos por um
período de cinco anos, em uma nova data a ser estabelecida. Está
prevista a participação de cerca de 8,5 milhões de cubanos.
Desvinculado
do modelo partidarista, o sistema eleitoral cubano possibilita o
exercício livre da cidadania com a escolha dos candidatos pelos
próprios eleitores, o que incentiva o alto índice de comparecimento
às eleições, mesmo que o voto não seja obrigatório. Os
candidatos não são indicados por partidos e sim pelos cidadãos
maiores de 16 anos que automaticamente são inscritos no Registro
Eleitoral, sem custos ou burocracia. Conforme o Artigo 3º da Lei
Eleitoral, o voto é livre, igualitário e secreto, e o cidadão está
protegido contra punições, multas ou sanções no trabalho caso se
abstenha de votar, ao contrário do que ocorre em outros países. Os
membros das Forças Armadas têm direito a votar, eleger e a ser
eleitos.
Após o
governo convocar as eleições gerais, no início de julho, mais de
170 mil cubanos – representantes de todos os setores sociais do
país – se qualificaram como autoridades eleitorais e integram as
comissões provinciais, municipais e de circunscrição que irão
conduzir o processo de escolha dos delegados e, posteriormente,
validar os resultados. A população participa entre 3 a 29 de
setembro, das mais de 50.900 assembleias, organizadas também pela
Comissão Eleitoral Nacional (CEN) e ali indica, abertamente, os
delegados que concorrem às Assembleias Municipais e Provinciais e à
Assembleia Nacional do Poder Popular, eleitos mediante voto em urna,
direto e secreto.
Os
encontros já estão sendo realizados em cerca de 14.500
circunscrições eleitorais, e cada eleitor pode indicar um candidato
entre os moradores residentes na área e, inclusive, de outra área
pertencente à mesma circunscrição, caso seja necessário. Seguindo
a legislação eleitoral cada área terá entre dois e oito
candidatos, tudo para garantir outras opções aos votantes e a
indicação de pessoas com “méritos, capacidade, condições e
possibilidades de representar a população”. A circunscrição
eleitoral é uma divisão territorial do município a partir do
número de seus habitantes, e se constitui em célula fundamental do
Sistema do Poder Popular.
No dia 22
de setembro serão divulgadas as listas dos candidatos para que a
população as revise e, caso necessário, solicite adequações ou
emendas, através das autoridades eleitorais. As alterações poderão
ser feitas até a primeira quinzena de outubro e a partir daí tem
inicio os preparativos para a etapa inicial das eleições, no dia 21
do mesmo mês.
Segundo
dados da CEN, desde 1976, quando entrou em vigor a atual
Constituição, mais de 95 por cento dos eleitores inscritos têm
participado das eleições. Nas últimas eleições para deputados
votaram cerca de 8 milhões de cubanos, cifra que superou 98 por
cento de participação e com baixo índice de votos nulos ou em
branco. Em Cuba, o registro de eleitores para as eleições gerais
2012-2013 conta com cerca de 8,5 milhões de cubanos, em um país de
11 milhões de habitantes.
A
propaganda eleitoral
Outra
característica no processo eleitoral cubano é a ausência de
marketing e custos com propaganda, fatores que em outros países
favorecem candidatos com maior poder econômico ou implicam na
necessidade de obtenção de fundos para eleger um representante. As
praças e as ruas são limpas de painéis ou panfletos e os
candidatos não precisam disputar ou pagar espaços nos jornais,
rádios e televisões. Também não ocorrem campanhas difamatórias
entre os candidatos. A propaganda é feita pelas autoridades
eleitorais que são responsáveis por expor, na área de residência
dos eleitores, a biografia com a respectiva foto dos candidatos.
Os
candidatos
Para
concorrer e ser nomeado não é preciso pertencer a partido político
algum. Qualquer candidatura à Assembleia Nacional do Poder Popular
(Parlamento) deverá ser antes apresentada por alguma organização
ou movimento social e submetida à consideração da Assembleia do
Poder Popular da circunscrição correspondente, além de aprovada
pelos delegados. Será considerado eleito aquele que obtenha mais da
metade dos votos válidos dos eleitores. As regras são as mesmas
para os demais cargos do Poder Popular. Após eleger o seu
representante a população participa das discussões e decisões
mais importantes. Também, a qualquer momento, o mandato poderá ser
revogado pela maioria dos eleitores. 50% das vagas são preenchidas
por mulheres, e não existe remuneração para o exercício do
mandato. Os eleitos permanecem exercendo suas profissões e recebendo
o salário correspondente ao seu trabalho.
A
Composição atual do Poder Popular se dá da seguinte forma:
Assembleia Nacional do Poder Popular; Assembleias Provinciais do
Poder Popular, em cada uma das 14 províncias; Assembleias
Municipais, nos 169 municípios; 1540 Conselhos Populares, cada um
agrupando várias circunscrições eleitorais e integrados pelos seus
delegados, dirigentes de organizações de massas e representantes de
entidades administrativas; circunscrições eleitorais, ainda que não
pertençam de forma orgânica à estrutura do sistema do Poder
Popular ou do Estado, são fundamentais antes e após o processo
eleitoral.
O
Presidente, o Conselho de Estado e o Conselho de Ministros
Tanto os
membros do Conselho de Estado como os do Conselho de Ministros são
indicados pelos delegados eleitos para a Assembleia Nacional do Poder
Popular. O Conselho de Estado é formado por um presidente, seis
Vice-Presidentes e um Secretário-Geral. Para ser Presidente do
Conselho de Estado é necessário antes ser eleito deputado com mais
de 50% dos votos válidos, diretos e secretos da população e, em
nova votação, deverá alcançar mais de 50% dos votos secretos dos
parlamentares.
Há
muitas dúvidas ou distorções que pairam sobre a existência de um
partido único em Cuba, o PCC, e a relação que isso tem com a
democracia. Com papel e funções definidos na Constituição do país
e aprovados em referendo público com o voto livre, direto e secreto
de 97,7% da população, o Partido Comunista Cubano não tem
interesse eleitoral e não participa do processo indicando ou fazendo
campanha para candidatos. Por se diferenciar do conceito clássico de
partidos políticos, o PCC se mantém como um órgão dirigente e de
consulta à sociedade, via assembleias. O Partido não tem ingerência
na Assembleia Nacional do Poder Popular e nem no governo, e só após
consulta à população apresenta propostas para serem apreciadas por
estas instituições. Em processos eleitorais ocorridos até hoje, as
assembleias populares já indicaram e foram eleitos inúmeros
militantes do PCC, mas tudo em razão dos seus méritos pessoais e
compromissos com a sociedade, e não pela sua militância no Partido.
Um importante papel exercido pelo PCC é o de acompanhar e garantir o
cumprimento das leis do país, entre elas, a Lei Eleitoral.
Um comentário:
Comparado com nossas "democracias", o sistema eleitoral cubano dá de mil a zero.
Detalhe: as informações desse post NÃO são divulgadas na carcomídia, JAMAIS. Não estou falando que a carcomídia tenha que defender o sistema cubano. Mas ela tem a obrigação de INFORMAR esses dados. E não informa. Porque se informar, caem por terra muitas acusações que eles fazem contra Cuba.
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