Já em 1999, CartaCapital denúnciava os suicídios |
Luta
contra o Estado, não governo. Apesar de que em muitos governos
sequer existir o diálogo.
O fato
mais recente que tem chamado a atenção nas redes sociais foi o
manifesto contendo anúncio de suicídio coletivo de 170 índios
Kaiowá Guarani do Mato Grosso do Sul, na cidade de Iguatemi, por
conta de uma decisão judicial da Justiça Federal expulsando-os das
terras em que viviam.
“Não
temos e nem teremos perspectiva de vida digna e justa tanto aqui, na
margem do rio, quanto longe daqui. Concluímos que vamos morrer
todos. Estamos sem assistência, isolados, cercados de pistoleiros, e
resistimos até hoje. Comemos uma vez por dia”
Desde os
anos 80 que essa tribo comete suicídios coletivos como forma de
livrar-se de maus tratos. Fazendeiros desde sempre que os tratam à
bala e sua mulheres foram prostituídas e muitos viveram como
mendigos. O total de suicídios até hoje é de 863 índios, entre
eles crianças.
O índice
de mortes na reserva de Dourados, local onde vivem os Kaiowá Guarani
é maior que no Iraque, segundo o Conselho Indigenista Missionário,
são 145 habitantes para cada 100 mil. No Iraque, esse índice é de
93 pessoas para cada 100 mil.
O
silêncio da grande imprensa é ensurdecedor. Sempre quando conflitos
oriundos de questões estruturais como a questão fundiária no
Brasil precisam estar à tona, a mídia se cala finge que nada
acontece. A não ser quando tem caminhada às cidades dos movimentos
de luta pela terra, onde o trânsito fica congestionado ou alguma
ocupação de prédio público.
Tudo com
o viés de criminalizar trabalhadores e indígenas.
Outro mal
que o silêncio da grande imprensa provoca é a confusão sobre os
fatos. Muita gente compartilhou nas redes sociais que o suicídio
coletivo era culpa da Presidenta Dilma. A decisão da retirada dos
Kaiowá Guarani das terras foi da Justiça Federal e não do governo
federal.
É claro
que a crítica ao tratamento dispensado aos povos indígenas no
Brasil é aquém do que deveria. Mesmo podendo afirmar que houveram
melhoras nos últimos anos, mas ainda bastante insipiente.
O trato é
deplorável desde a chegada dos europeus por aqui. Infelizmente.
O governo
federal pode até não ter responsabilidade direta neste suicídio
coletivo de 170 pessoas, mas pode intervir para que ele não
aconteça. Deve intervir para que ele não aconteça.
Já
passou da hora para o Estado brasileiro parar de atender as vontades
das elites e se voltar de uma vez para os que realmente precisam.
E tem
gente que acha que não existe luta de classes.
Abaixo
assista o comentário de Bob Fernandes à TV Gazeta de São Paulo. Os
dados dessa postagem foram retirados dele.
Um comentário:
Partiipei de uma manifestação no último domingo, no Rio e filmei uma índia que vive na aldeia maracanã fazendo um discurso emocionado e esclarecedor. De início ela fala em tupi-guarani mas depois continua em português. Me levou e levou mais alguns lá às lágrimas. www.youtube.com/watch?v=h8HBMhNNHaw
e um video da manifestação www.youtube.com/watch?v=pu7VNsbdhPY
Se puder divulgar...
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