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Há 65
anos que se comemora o dia do professor. A data tem referência em
decreto publicado por dom Pedro I em 1827 sobre a educação básica
ou “escolas de primeiras letras”. Essas informações foram
retiradas do Winkipedia. Mas o que os professores de hoje diriam aos
estudantes brasileiros? Digo, para além da luta diária, mesmo com
avanços recentes como o piso nacional, por uma educação de
qualidade e a devida valorização profissional.
Afinal,
educar é dialogar além da disciplina específica que cada professor
ou professora leciona. Educar também é expor o mundo a sua volta e
fomentar a capacidade crítica dos estudantes a quem se pretende
ensinar. Isso é o que se chama preparar para a vida que muita gente
reclama a falta nas escolas devido a excessiva competição pro
aprovação em vestibulares.
O que
poderia ser dito contém uma infinidade de temas, de aspectos e de
acontecimentos, mas se pudesse elencar o que diriam os professores
aos estudantes, faria da seguinte forma:
Diriam
que desde 2003 o país vem passando por mudanças nunca vistas. Há,
sem a menor sombra de dúvida, uma maior preocupação com os mais
pobres e há também, uma raiva, por vezes enrustida, das elites
nacionais contra esse processo. Diriam que tudo foi possível graças
a eleição de Lula da Silva, o primeiro operário a se tornar
presidente do Brasil e que a primeira mulher presidente, Dilma
Rousseff, ex-presa política da ditadura militar, dá continuidade.
Ditadura
militar que só 26 anos após seu término começamos a desvendar
seus porões, dando esperança às famílias dos mortos e
desaparecidos políticos. Diriam como demoramos a tratar nossas
feridas.
Diriam
que a direita brasileira definha a olhos vistos e que ela mais do que
nunca usa o obscurantismo como arma política. Mais do que nunca
porque sempre esse foi o seu principal instrumento. Sempre na
História brasileira, quando forças mais progressistas acumulavam
força e conseguiam assumir espaços na estrutura do Estado,
lançava-se mão do discurso do “mar de lama”. Foi assim com
todos os governantes que em algum momento tiveram um olhar voltado
aos mais humildes.
Também
diriam que a autoproclamada grande imprensa, abandonou de vez o
jornalismo. Publica grampos sem áudio, entrevistas sem fita, acusa,
condena e pune adversários com uma santidade evocada de tal forma
que faz qualquer santo da Igreja Católica parecer o mais profano dos
seres. Passam às pessoas que qualquer crítica é o mesmo que ataque
à liberdade de expressão. Mas que em nenhum momento ela de fato
expõe sua labuta diária para que os artigos de nossa Constituição
sobre os meio de comunicação não sejam regulamentados.
Os
professores também diriam que os porta-vozes da grande imprensa não
conseguem explicar como todos os seus prognósticos sobre política e
economia sempre estão errados por serem baseados em mentiras, em
ilações completamente desconexas da realidade. Como a grande
imprensa esforça-se para esconder a Privataria Tucana, exposta em
livro de mesmo nome do jornalista Amaury Ribeiro Jr., onde toda a
família de José Serra embolsou dinheiro público.
Mas uma
coisa os professores terão dificuldade em dizer aos estudantes, como
uma grande imprensa tão ruim, inclusive tecnicamente, tão elitista
e tão desmoralizada consegue ainda ter a força política que tem no
Brasil. Como conseguem ainda pressionar o Supremo Tribunal Federal –
STF para condenar sem provas petistas no caso do não provado
“mensalão” e nem sequer ter previsão de julgamento em caso
semelhante ocorrido anos antes com o PSDB. Este em vias de
prescrever.
Na
terra dos Caetés
No caso
dos professores alagoanos, estes diriam que Alagoas ainda vive, em
pleno século XXI, no mesmo modelo econômico e social do século
XVIII. Que ainda impera na terra de Graciliano, o jugo dos senhores
de engenho, hoje chamados de usineiros e organizados em cooperativa.
Que em 2012, o governador é usineiro, o presidente da Assembleia
Legislativa é usineiro e o Poder Judiciário é composto de
usineiros ou prepostos.
E que
mesmo essa “doce” composição no aparato de Estado em Alagoas
ocasionando a manutenção dos piores índices sociais do país, sua
capital Maceió, elegeu o filho de um deles sob o discurso de
novidade na política. Que parte da culpa disso é que a esquerda
alagoana tirou de seu vocabulário a Cooperativa dos Usineiros, a
materialização do inimigo de classe num estado com as
características que tem Alagoas. Nem mesmo a “nova” esquerda que
se diz radicalizada têm em seu vocabulário a Cooperativa.
Os
professores alagoanos diriam ainda que o poder dos usineiros é tão
grande que se dão ao luxo de não pagar nem suas contas de energia,
devendo ao Estado mais de R$ 200 milhões e que o maior devedor é o
atual governador. Sua usina, a Seresta, deve mais de R$ 30 milhões e
após décadas de dívidas teve sua energia cortada e logo religada
após reunião entre Eletrobras e Usina Seresta. Para nenhum cidadão
comum tal “benevolência” seria concedida.
Como se
não bastasse tudo isso, o secretário de educação dos usineiros é
detentor de práticas antissindicais. Como não faz nada para
melhorar a educação em Alagoas, vive de criticar a atuação do
Sinteal – Sindicatos dos Trabalhadores e Trabalhadoras em Educação
em Alagoas. Na terra dos Marechais o número da rede estadual
diminuiu e ainda em outubro, escolas estão fechadas.
Uma coisa
não precisará ser dita, pelo menos aos estudantes da escola Geraldo
Melo em Maceió. Que o “doce” governo estadual tucano, como forma
de “reduzir” a violência, mandou revistar estudantes ao entrarem
na escola. Uma clara criminalização da juventude da periferia da
capital alagoana.
Diriam
também que durante a campanha eleitoral em Maceió, segundo relato
de uma liderança comunitária do bairro do Vergel – zona sul da
cidade – todo o aparato de segurança do Estado passou em revista
ao bairro para que o candidato do governador pudesse fazer uma
caminhada. A tal revista prévia teve direito até a helicóptero.
Nada mais simbólico do que isso para mostrar o trato das elites
alagoanas com o Estado, como sua propriedade particular.
As elites
de todo o país, na verdade. Este é um dos motivos do ódio a Lula,
Dilma, ao PT e à esquerda em geral. Quando o Estado dá assistência
aos pobres, se volta para suas necessidades, diminui a quantidade de
Estado para atender as firulas da classe dominante.
Mas mesmo
assim o professores diriam que o Brasil segue o rumo do
desenvolvimento com inclusão social, constrói então, mesmo com
diversos percalços, o caminho da consolidação da democracia. E é
este o país que querem para o futuro. Que o povo não mais se deixa
enganar como antes pela grande imprensa. Que agora as pessoas
percebem seus “rebolados” para maquiar a realidade.
2 comentários:
Muito boa materia !
Parabéns!
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