A Globo
decidiu cancelar o debate entre os candidatos a prefeito de São
Paulo. O argumento da emissora é que só com até 06 participantes
se é possível fazer um debate proveitoso. Uma decisão judicial
garante que todos os concorrentes participem dos debates. Então a
Globo decidiu não realizá-lo. Com o mesmo argumento, a TV Gazeta,
afiliada de Rede Globo também decidiu cancelar o debate entre
candidatos em Maceió.
A Globo,
ao destacar um teto de participantes para a realização de “debate
produtivo”, sinaliza para as suas afiliadas que com mais de 06
participantes não tem debate. Este estaria fora do “padrão Globo
de qualidade”. É claro que a Globo não verbalizou tal postura às
retransmissoras, mas um olhar não muito atento já percebe o recado.
E quem
tinha esperança de ver confronto de ideias pela última vez, se é
que viu a primeira, em São Paulo e Maceió, se deu mal.
Se com
mais de 06 participantes não dá para realizar “um debate
produtivo” que se aumente o tempo do mesmo. Afinal sinal de TV é
concessão pública. E não existe neste momento nada mais importante
no país do que as eleições municipais.
Quer se
goste ou não de política.
As
emissoras de rádio e TV pouco ou quase nada organizam debates acerca
dos problemas das cidades, estados ou do país. Enquanto países como
Portugal, boa parte da grade é composta com programas com esse tipo
de conteúdo, aqui nos dão apenas novelas, futebol e telejornais
pirotécnicos.
De acordo
com matéria publicada no site da revista Mundo Estranho, 851 milhões
de reais deixarão de ser pagos pelos meios de comunicação em forma
de isenção no imposto de renda das emissoras. Cerca de 80% do que
seria arrecadado com publicidade.
De
gratuito, o horário eleitoral não tem é nada.
E ainda
tem gente que acha que os meios de comunicação não precisam de
regulamentação.
Mas como
só não se dá jeito para a morte, não se faz o debate por que não
quer.
Nas redes
sociais circulam informações de pesquisas e trackings
sobre a disputa em São Paulo que dão conta da derrocada de José
Serra. Ele estaria sendo superado pelo Chalita, candidato do PMDB. O
eterno presidenciável e, segundo muitas línguas, vampiro nas horas
vagas, estaria rumando ao quarto lugar na disputa eleitoral. Um
melancólico fim de carreira.
Serra
terá mais tempo para ficar no twitter.
Tanto ele
quanto Russomano têm tido desempenhos pífios nos debates que já
ocorreram. A intenção da grande imprensa é evitar a desmoralização
de Serra.
E aqui,
segue-se a lógica nacional. Afinal quem manda é a Globo. TV Gazeta,
de fato, não existe. A TV Gazeta preenche espaços dedicados à
programação local da Globo.
A
indústria cultural pasteuriza tudo, até os valores. Muita gente diz
concordar com o posicionamento oficial da emissora em não realizar o
debate. “Com muita gente é mesmo muito ruim”, dizem.
Fica ruim
porque querem fazer no mesmo tempo como se fossem dois ou três
debatendo. Se acha ruim, porque estão a gerações ensinando que
política é ruim.
Os
debates, por exemplo, são quase de madrugada. O “debate” sobre
política no chamado horário nobre e criminalizatório.
Como se
interessar por política se ela é sempre maculada, sempre
apresentada como a pior das atividades humanas?
Quem
perde somos nós. Não debatemos os rumos das coisas como se deve.
Não conseguimos discernir os fatos dos interesses da grande
imprensa, ficando suscetíveis aos ditames de nossas elites.
Esse é
mais um dos motivos do ódio ao ex-presidente Lula. Ele passa ao
largo da grande imprensa. Mas esse debate volta por aqui em outro
momento.
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