A disputa
por espaços de poder tem formas e táticas em que os golpes são
sempre desferidos abaixo da linha da cintura. Manipulações de
pesquisas eleitorais, uso de poder econômico, aparato de Estado –
em especial o uso do Poder Judiciário – e imprensa, estão entre
os instrumentos mais usados. O poder econômico é o centro do jogo.
É o “dono na bola”, na verdade. É ele quem determina o que se
faz, quando faz, quem faz e como faz.
A grande
imprensa, já bastante definida e cada vez mais assumida em sua opção
de classe, não tem mais vergonha em fazer o que for possível para
ver seus interesses contemplados. Se listarmos aqui todas as suas
peripécias, ninguém leria esse texto até o final.
E a
Justiça então? Essa que deveria ser o equilíbrio dos poderes, a
esfera do Estado menos política – se é que isso é possível,
Estado sem política – é justamente o contrário. O Poder
Judiciário é o mais político de todos. E não preciso argumentar
aqui o porque da opção de classe deste Poder ser, assim como a
grande imprensa, a burguesia.
O jogo
do poder em Alagoas
Aqui em
Alagoas, como vivemos sob a mesmas relações sociais do século
XVIII, muito dessa postura é bem acentuada. Alguns gestos nem
necessitam de olhar mais apurado. O trato dispensado a Ronaldo Lessa
pelo Poder Judiciário é um dos melhores exemplos.
Como já
havia afirmado anteriormente, nem de longe se trata de dar divindade
a Lessa, mas não tem como reconhecer que o trato dispensado é sim
de uma Justiça partidarizada. Assim como a grande imprensa
brasileira. Lessa quando foi governador, peitou o Judiciário a não
conceder os aumentos de duodécimo na forma, quantidade e tempo que
bem entendessem os senhores de toga.
O maior
dos erros de Lessa foi ter achado que daria para estar ao lado da
Cooperativa dos Usineiros. Apoiou Téo Vilela em sua primeira
eleição, achando que venceria fácil a disputa ao Senado. Não
venceu a eleição e o primeiro gesto de Téo foi desconstruir a
liderança e capilaridade eleitoral de Ronaldo. O próximo da lista,
em vitória de Rui Palmeira à prefeitura de Maceió será Cícero
Almeida.
E
Jeferson Moraes que andou tentado dar peteleco no PSDB durante a
campanha que se cuide. Nossa “doce” elite não hesitará em
transformá-lo em fosfato de pó de qualquer coisa.
Nesse tom
o TRE de Alagoas indeferiu a candidatura de Ronaldo Lessa por uma
multa paga após, recurso no TSE, em atraso. Cabe lembrar que a multa
seria de 2006, Lessa foi candidato em 2010 e o TRE não estava nem ai
para essa multa, porque estava em andamento.
Lessa
pagou a multa logo após o julgamento do recurso. Mesmo assim errou.
Tinha pago em juízo e depois recursado. Mas agora são águas
passadas.
A última
do TRE foi cassar todo o programa eleitoral de Lessa no último dia
de propaganda em rádio e TV. Repito: todo o programa, com inclusive
as inserções nos intervalos dos programas.
O motivo
seria a aparição do Cícero Almeida pedido votos para Ronaldo
Lessa. O argumento de que o partido de Cícero, no dia das convenções
era o PP, do vice de Rui Palmeira. Então Cícero mudou de partido,
foi para o recém-fundado, PEN.
O PEN não
está na coligação de Lessa, não está na coligação de ninguém.
Não disputa a eleição em Maceió, portanto seus membros podem
participar da campanha de quem bem entenderem, pois não disputam a
eleição.
Mesmo
assim Cícero mudou de partido. Foi ao PSD. Este sim, coligado
formalmente à frente de partidos que apoiam Ronaldo Lessa. Mas o
TRE, implacável em sua perseguição ao adversário da Cooperativa
dos Usineiros, proibiu mesmo assim a aparição de Almeida no guia
eleitoral. Entre os argumentos está o de que Cícero deveria ter
mudado de partido antes das convenções eleitorais em junho.
Isso é
no mínimo uma piada de mal gosto.
Até um
cego consegue ver que se trata de perseguição política. Cabe
ressaltar que para justificar a ação do TRE, uma vez que o
Judiciário somente age “se provocado”, foi fruto de uma ação
por parte da coligação de Rui Palmeira.
O jogo
pela disputa do Poder é bruto. Tem semelhanças de métodos nas mais
variadas esferas.
Outra
característica é a traição. Esta pode ser direta – aquela que
seu aliado reconhecido e assumido lhe trai – ou pode ser indireta –
quando uma aliança branda, de não agressão, por exemplo é feita e
no primeiro momento um dos lados trai.
Tem
também a traição aos eleitores. Essa altamente velada, de
bastidores. O melhor exemplo é quando alguma candidatura se torna
“laranja” de outra. O “laranja” aceita tal situação –
mesmo sabendo que não vence a eleição, senão não seria
“laranja”- para tentar conseguir ou dinheiro, ou alguns votos a
mais.
As
eleições municipais estão chegando ao fim e a forma como o jogo é
jogado não muda em nada. É, além de bruto, desleal. Às vezes o
povo surpreende e, através das urnas, prega uma peça em nossas
elites. Espero que seja o caso nessas eleições.
Os link's foram retirados do perfil no Twitter do jornalista Davi Soares - @davisoaresal
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