Ir a Nova
Iorque ou a Paris perdeu a graça, é o que afirma Danuza Leão, uma das porta-vozes da elite, em
artigo publicado na Folha de São Paulo. Isso porque agora “até o
porteiro pode ir pagando R$ 50 por mês”. Quem foi mesmo que disse
que a direita não é preconceituosa?
Para ela,
não basta poder ir a esses lugares, é preciso que pouca gente possa
fazê-lo. É, só mesmo a massa cheirosa da Eliane Cantanhede, também
da Folha de São Paulo, pode fazer essas viagens.
O
brigadeiro Ivan Frota, repetiu em entrevista a falácia sobre uma
suposta fortuna de Lula divulgada pela revista Forbes. Essa mentira
já foi desmentida há algum tempo em um site especializados em
mentiras na internet, o e-farsas.com. Afirma também que todas
as políticas dos governos Lula e Dilma são para “comprar o povo”
e não estimulam o desenvolvimento do país. Quem foi mesmo que disse
que quem defende a meritocracia o faz porque tem capacidade e não
ajuda de ninguém?
Porque
usar viral falso de internet como argumento é de uma incapacidade
mental sem tamanho.
Por falar
em meritocracia. Circula na internet uma foto de formatura de uma
turma de medicina de 2011 da Universidade Federal da Bahia com cerca
de 90 formandos e em torno de cinco negros. A população da Bahia é
composta por mais de 80% de negros. É a maior população negra fora
do continente africano. Quem foi mesmo que disse que não há
necessidade de cotas nas universidades no Brasil?
A cada
ano os cotistas na universidades vêm obtendo as melhores notas nas
avaliações dos cursos. Eles se dedicam mais aos estudos e produzem
mais academicamente. Os cotistas são a prova de que mérito é soma
de oportunidades. A sociedade brasileira historicamente negou aos
negros condições para que eles fossem incluídos em nossa
sociedade. O Estado desde 2003 deve e vem tentando reparar essa
situação.
Sabe quem
é que diz essas coisas?
Filhos
das elites brancas que sempre tiveram o Estado bancando suas regalias
em detrimento da maioria da população. Pessoas que nunca passaram
privações, que nunca tiveram olhares questionadores contra si por
causa de sua cor de pele, origem ou condição social.
São as
mesmas pessoas que, mesmo que não assumam, pensam como Danuza Leão
ou como o militar saudoso da ditadura. São pessoas que quando olham
para a banca ao lado nas salas das universidade e veem um negro da
favela entroncham a boca; ou quando os veem ao lado do seus filhos.
Estas
negam que exista preconceito por todos somos iguais e o Brasil é
miscigenado. Que essa tese das cotas é racista e danosa. Entre os
argumento se valem o do sangue – onde todos temos o sangue da mesma
cor - e que a salvação é o investimento na educação de base.
Como se uma coisa anulasse a outra.
Ninguém
sai de casa sem a sua pele. Portanto ninguém enxerga a cor do
sangue. Dos 512 anos de Brasil, 388 foram sob a ótica escravista. É
do imaginário popular – basta lembrarmos da quantidades de piadas
racistas existentes – que os negros são inferiores. Mais do que
isso, basta uma visita breve a favelas e se verá a cor da pobreza no
Brasil.
Estas
pessoas são as mesmas que afirmam que a Comissão da Verdade é
revanchismo. Que o que deveria ser feito é botar panos quentes em
cima dos crimes da ditadura ou que a Comissão deveria julgar ou
levantar os crimes cometidos pelos militantes de esquerda no período.
Na ditadura (civil) militar, o Estado brasileiro cometia crimes de
sequestro, tortura e assassinatos. Além do cerceamento da
democracia. As ações dos grupamentos de esquerda foram em resposta
aos crimes do Estado.
Muitas
falácias são difundidas como crimes destes grupamentos. Alguns
inclusive, pela grande imprensa que apoiou o golpe de 64.
Grande
imprensa que é contra a regulamentação dos artigos constitucionais
que tratam da comunicação social no Brasil. Democratizar a
comunicação é para ela um golpe fatal. Tirar o monopólio da
informação das mãos de quatro ou cinco famílias. Muda-se a
leitura de mundo, de país e de conceitos e valores impregnados pela
mídia e sempre de viés conservador.
São
essas pessoas que odeiam Lula, por exemplo. E por consequência,
Dilma. Afinal de contas eles botaram um pouco da estrutura de Estado
se voltando para os mais pobres. Isso, essas pessoas não perdoam.
Mas nem
todas as pessoas que repetem tais posicionamentos o fazem por serem
necessariamente ruins. Fazem porque foram ensinadas a fazer. Porque é
mais confortável não se indignando a pensar diferente e questionar
o status quo das coisas.
É sempre
mais difícil nadar contra a maré e como animais sociais queremos
ser aceitos. Em grupos que identificamos como socialmente superiores.
2 comentários:
Cadu, você conseguiu dizer em poucas palavras o que às vezes queremos dizer quando uma pessoa faz comentários preconceituosos sobre raça, classe social, e destila ódio por valores que cultivamos e entendemos necessários para viver em uma democracia. Parabéns, quero agradecer seu texto, ele tem me orientado muito.
Quanto a Danuza ela somente a irmã da ilistre ja falecida Nara Leão....Precisamos de mais jornalista que pense assim e que assuma.
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