Falar da
História política do Brasil sem citar o Partido Comunista, criado
em 1922, é o mesmo que falar do Rio e não citar o Pão de Açúcar.
A partir da criação do PC brasileiro a política mudou
profundamente no país. Mesmo com todos os rachas que permearam os
comunistas durante o século XX, negar sua importância para a luta
operária é no minimo canalhice.
Não
falar de lideranças como Luiz Carlos Prestes, o cavaleiro da
esperança é como falar sobre futebol e não citar nomes como Pelé,
Rivelino ou Gerson. Prestes, mesmo sem toda a tecnologia de
informação que temos hoje, na década de 1940 se elegia senador por
oito estados brasileiros. Naquele tempo uma pessoa podia se
candidatar por mais de um estado. Um verdadeiro fenômeno de
popularidade, igualado somente a Lula nos dias atuais.
Nos anos
de 1960 o Partido Comunista rachou e daí surgiram dois partidos. O
PCB, que manteve a sigla original e passou a se chamar Partido
Comunista Brasileiro, sob o comando de Prestes. E o PCdoB que mudou a
sigla e manteve o nome original, Partido Comunista do Brasil, sob o
comando de João Amazonas. Os motivos do racha não importam aqui.
Não sei
em que momento no curso da vida do PCB surge em suas fileiras Roberto
Freire. O maior traidor da causa operária que se tem notícia no
Brasil.
Em 1992,
no maior momento de descenso no movimento comunista em todo o
planeta, logo após a queda da União Soviética, Freire extingue o
PCB e funda o PPS. Entre as alegações, o fim do ideário marxista.
Entre
suas ações de prática anticomunista, Freire teria entregue ao exército
brasileiro documentos secretos do PCB sobre como os comunistas agiram
durante a ditadura para escolher “aparelhos” (casas para
esconderijo e operações na militância clandestina), como organizar
células, como eram feitos os congressos clandestinos, enfim como era
a vida do PCB na clandestinidade.
Após ser
candidato a presidência da República em 1989, sua carreira política
foi somente ladeira abaixo. Ao ponto de depender politicamente de
José Serra. Tanto que transferiu seu domicilio eleitoral de Recife
para São Paulo. Junto com partido que ele fundou, o PPS.
Se você
depende politicamente de um pessoa como José Serra, você não serve
para nada.
O PPS não
passa de braço do PSDB. Uma marionete birrenta em defesa do
reacionarismo. Foi isso que Freire criou em 1992, mas que mostrou sua
verdadeira face nos anos 2000.
A última
da subserviência deste ser feito à base de carbono, foi entrar
junto com outros membros da oposição com um pedido na Procuradoria
Geral da República para que Lula seja investigado por conta da
entrevista sem áudio dita a não se sabe quem, não se sabe onde,
nem quando de Marcos Valério à Veja. A mesma que foi requentada na
última edição da coisa feita em papel couché.
Freire
transformou o partido de Luiz Carlos Prestes no apêndice pseudo
moralista do setores mais conservadores do país. Os mesmos que
perseguiram Prestes durante toda a sua vida.
Faço
aqui a ressalva que desde 1992 existem pessoas que tentam manter viva
a História do PCB. Mesmo com divergências, principalmente táticas,
não dá para não reconhecer a militância dos camaradas.
Toda essa
movimentação é similar ao que foi feito com Fernando Lugo no
Paraguai.
Com todo
respeito ao país vizinho, aqui não é o Paraguai.
Assim
como a direita brasileira, o moralismo de Freire e de seu PPS é
seletiva. Em nenhum momento ele questiona a roubalheira deslavada da
privataria tucana. O PPS é mesmo o Partido Paralelo do Serra.
Tampouco o “mensalão” do PSDB.
“Mensalão”
alias, que a PGR recebeu de Marcos Valério documentos com nomes de
deputados tucanos que receberam dinheiro do esquema e de quais
estatais mineiras o dinheiro foi retirado. Isso foi confirmado por
seu advogado, Marcelo Leonardo, ao jornalista Luis Nassif. O esquema
serviu até para a campanha de Aécio Neves, provável próximo
candidato à presidência do PSDB.
No caso,
o esquema foi considerado caixa 2.
Quanta
diferença no trato com o caso do PT. No que agora é julgado pelo
STF, não há provas nos autos. No do tucanato, para cada pena em um
tucano existe uma prova no processo.
Infelizmente
seu julgamento nem Mãe Dinah se atreve a prever quando será.
Mas se
Freire é tão defenso assim da moralidade, porquê não tem a mesma
postura em relação ao tucanato?
Como
disse antes, ele depende do Serra. Assim como a Soninha que tem até
seu periquito empregado nos governos do PSD e PSDB em São Paulo e
Raul Jugmann que tem uma ação contra si por desvio de mais de R$ 30
milhões de reais do tempo em que estava no INCRA. Ele e a esposa do
“jornalista” Ricardo Noblat respondem por este desvio, cujo o
processo está no Supremo e tem como relator o ministro Dias Toffoli.
Entendeu
porque o a grande imprensa odeia Toffoli?
Voltando
a Roberto Freire, este não se transformou no chiuaua de guarda do
PSDB e da direita brasileira. Ele sempre foi isso. Tanto que somente
ascendeu no antigo PCB após a morte das lideranças históricas. Ele
logo tratou de extinguir (ou tentar) o partidão.
Para se
ter uma ideia, na votação na Câmara sobre o uso de 100% dos
royalties do Pré-sal para a educação proposto pelo governo para
garantir as metas do Plano Nacional de Educação – PNE e atingir
os 10% do PIB em 2020, Freire votou contra.
Isso
mesmo.
Roberto
Freire o maior exemplo de traidor das lutas populares do Brasil. De
ex-comunista a xeléleu de tucano. Triste e merecido fim.
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