terça-feira, 18 de dezembro de 2012

Para a esperança continuar vencendo o medo





Aconteceu o que já era esperado: o relatório da CPI do Cachoeira elaborado pelo deputado Odair Cunha (PT-MG) foi rejeitado. A tese, furadíssima, de que retirar o “caneta”, quer dizer, Policarpo Júnior de Veja do texto, como também o Procurador-geral da República, Roberto Gurgel para garantir a permanência de Marconi Perillo (PSDB), governador de Goiás e de Fernando Cavendish, da empreiteira Delta, deu onde podia. Com os burros n'água.


Nem mesmo o bicheiro, cujo nome batizou a comissão parlamentar, foi acusado de nada pela CPI.

Perillo é tão cara de pau, que fala em perdão a quem quis incriminá-lo. Aliás, cara de pau é marca tucana. Álvaro Dias que votou pela geleia geral nesta CPI, está se especializando em “bravataria”. Não confundir com “privataria”, isso o PSDB já é PhD há tempos. A cada fala do paranaense, uma ladainha nova.

Não adianta procurar culpados pelo pífio resultado da Comissão. Ele é fruto da correlação de forças. Esta ultrapassa os limites das siglas partidárias, haja vista membros da base na defesa intransigente do jornalista bandido. Destaque para o deputado Miro Teixeira do PDT do Rio de Janeiro ou mesmo o senador Pedro Taques, também do PDT, só que do Mato Grosso. Estes dois fazem as saudades do velho Leonel Brizola aflorarem.


Na verdade, remoer erros e ficar no corner é o que a oposição e a velha mídia conservadora querem que o PT, partidos aliados e setores mais progressistas da sociedade façam por longo período. Assim a pauta das sombras impera com mais facilidade.

Assim, ao invés de se destacar os avanços sociais extraordinários que estamos vivendo; a distribuição de renda permanente; a redução das tarifas de energia; a mudança de paradigma na economia com taxas de juro a níveis sensatos; e o fim da vida mansa de quem vinha aqui enriquecer no blefe, sem produzir um alfinete sequer.

Sem falar na mais bem sucedida e estruturante política de distribuição de renda existente no país: a valorização do salário mínimo.

Os programas de transferência de renda por mais importantes que sejam, por que acelerem o crescimento econômico e ajudem a dar mais dignidade à vida das pessoas mais pobres, não têm a importância da política de valorização do salário mínimo vigente.

Segundo dados da Fundação Getúlio Vargas, hoje temos 52% da população na classe média ou classe C, com rendimentos variando de R$ 1.065,00 a R$ 4.591,00. não existe mais pirâmide social no Brasil, o objeto geométrico para ilustrar nossas faixas de renda é um losango.

Não é a toa a harmoniosa e nada elegante campanha do medo encampada pela, como diz o Mino Carta, casa-grande e a mídia nativa.

Isso aumentado pelas sucessivas derrotas eleitorais e a escuridão no fim do túnel para a oposição. Ela não tem nome, não tem agenda e nem o discurso moralista que ainda, o “quarteto do apocalipse midiático”, Folha, Veja, Globo e Estadão, insistem em manter artificialmente.

É natural que derrotas surjam no front, mas a guerra está sendo vencida. Seja eleitoralmente, seja pelo enorme aumento na qualidade de vida do povo brasileiro. E muito mais batalhas surgirão e este deve ser o foco.

Ainda há milhões de pessoas a serem inclusas na economia. Ainda há problemas a serem resolvidos nas universidades, na infraestrutura, na política cultural brasileira, na saúde, na segurança. Alguns podem afirmar que essas questões sempre estiveram aí, mas a diferença é a ótica atual. Antes nossos problemas eram de recessão, agora são de crescimento econômico.

Precisamos é pautar alternativas a estas questões. Dar luz aos problemas do país.

Enquanto a oposição regojiza-se com um discurso do fracasso, os setores que almejam e constroem, não somente um futuro, mas um presente melhor no Brasil devem erguer a cabeça e continuar mantendo a vitória da esperança sobre o medo.

3 comentários:

p disse...

Edu...
Ou o PT começa a agir como Governo, ou o povo vai começar a olhar outra via de esquerda.
O PT não pode ser contaminado pelas fraquezas dos Odais... Aliás, o PT tem que se espelhar no então senador Collor, ou, em um curto tempo, as consequências seram irreversíveis para o PT.
Afinal... Só os simpatizantes, militantes estão dando a cara a tapa... a base petista (com raras exceções), tá em frente a TV assistindo o jn e dizendo: _O povo nos ama".
Um hora o povo cansa e aí... bey bey tristeza.

RLocatelli Digital disse...

É necessário que as organizações do movimento popular e sindical preparem a resistência ao golpe, desde já. A tal "correlação de forças" não é estática, e sim dinâmica, e pode mudar rapidamente quando a população vai à luta. Que o digam os países que estão vivenciando a Primavera Árabe.

Kiril Araujo disse...

Cadu, li por indicação de meu amigo Fábio, de Fortaleza, pelo Twitter.
Gostei.
E vou fazer uma sugestão, inclua na sua lista de textos legais:

http://solimoes.ic.unicamp.br/~campos/ElogioOcio.pdf

Elogio ao ócio, de Bertrand Russell

Um abraço
Kiril
de São Paulo