Os
Estados Unidos, tão vangloriosos de si com seus heróis do cinema, seu aparato
militar e policial, suas séries de tevê que, influenciam pelo menos metade do
planeta com seu “american way of life” clamando para si a chefia da luta do “bem
contra o mal”, acabaram de condenar a 35 anos de prisão, Bradley Manning,
talvez, seu único herói de guerra real.
Manning
ficou conhecido por ter entregado ao Wikileaks informações sobre as práticas de
seu país na guerra do Iraque. Entre o material está um vídeo onde se mostra uma
aeronave estadunidense (há quem acredite ser um drone), atirando em civis, entre
eles, crianças.
O
ex-soldado nunca se negou a lutar a guerra das corporações dos Estados Unidos. Nunca
teve a audácia de pensar ser aquela guerra algo totalmente diferente do que
pregaram para ele durante sua passagem pelas forças armadas de seu país. Até ver
in loco o que realmente se passava
naquela região do Oriente Médio, e de como nunca houve armas de destruição em
massa sob o domínio de Sadam Hussein, condenado a morte pela justiça da
democracia ocidental.
As
imagens divulgadas pelo Wikileaks, conseguidas através da coragem de Manning,
correram o mundo. Todos puderam ver com seus próprios olhos, apesar de estarem
confortavelmente atrás de uma tela, principalmente de computador, as
barbaridades dos militares norte-americanos. Ao expor o que muitos já sabiam, o
jovem de 25 anos, tornou-se um verdadeiro herói de guerra. Seja pelo fato de
ter tirado – pelo menos em parte – o cinismo das autoridades de seu país que
negariam tudo, seja pelo fato de ter se rebelado contra a barbárie que os EUA
provocam na região.
Diante
de toda a repercussão, ele não foi declarado culpado da acusação de “colaborar
com o inimigo”. Apenas de espionagem. “Apenas”... O fato é que o regime “democrático”
dos Estados Unidos só vai até a página dois. Quem ousar discordar ou pior, expor,
mesmo que um pouco, como o império faz valer sua democracia, deve ser
eliminado, moral e fisicamente.
A
repercussão do caso salvou Manning da eliminação física. Seu julgamento se deu
ao lado da Central de Espionagem da Agência Nacional de Segurança (NSA – sigla em
inglês), em Fort Meade, Maryland. E foi comandada por uma juíza do Pentágono.
O
gesto de Manning é a prova de que há soldados que discordam das guerras criadas
por seu país para manter a indústria bélica a todo vapor, tentar controlar o
petróleo do planeta, impor aos países suas regras de mercado, garantindo assim
a livre circulação de capital de suas corporações e, consequentemente, a
exploração dos povos por parte dessas. É a prova de que nem todos os soldados
estadunidenses aprovam aberrações como Guantánamo ou a criação de grupos
terroristas como a Al-Quaeda.
Para
quem não sabe, a Al-Quaeda foi criada com a ajuda logística da CIA. Muitos dos
membros de seus líderes têm negócios milionários nos EUA. A família Bin Laden é
um belíssimo exemplo disso, sócia de gasodutos e oleodutos da família Bush. À medida
que interfere militarmente na região, aumentam as adesões aos grupos
terroristas. Sem falar nas armas que passam a circular na região. Você nunca se
perguntou quem fabrica e quem leva aquelas armas para as pessoas de lá?
Bradley
Manning é um símbolo de resistência à prática de terror infinito dos Estados
Unidos. Ao tentarem destruí-lo moralmente, os EUA alimentaram ainda mais o
sentimento antiamericano, inclusive dentro de seu país. Deve ser triste ser um
cidadão estadunidense e ter esse tipo de sentimento. Ainda mais com a cultura
de heróis que há por lá.
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Bradley Manning fisicamente, apesar de ser uma ação repugnante, pouco efeito
prático teria. Ele agora é um símbolo e símbolos não morrem. Em sua política
esquizofrênica de terror infinito, os EUA criaram seu verdadeiro herói.
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