Orbitar o debate político
apenas em torno de corrupção é rebaixar a importância que esse
tema tem para a construção de um povo. Desmoralizar a política
interessa apenas às classe dominantes. Sem ela – a política,
gostem ou não, nada muda. Sempre que governos de caráter
trabalhista assumem no Brasil, a direita requenta o debate do “mar
de lama”. Qualquer um que tenha estudado História honestamente,
pode verificar isso.
Desde o primeiro mandato
de Lula que a oposição insiste em colocar esse tema no centro da
roda. Como se com o fim da corrupção – se é que é possível –
acabassem todos os problemas do país. O debate de concepção de
sociedade e o papel do Estado como instrumento de garantias às
necessidades básicas das pessoas passam ao largo.
Outro fator a ser levando
em conta é que quem insiste nessa tática de desvio de foco do
debate não tem moral para fazê-lo, direta ou indiretamente. PSDB,
Globo, Itau, Natura, Aécio Neves, José Serra, Fernando Henrique
Cardoso (FHC) e toda a patota, devem ou desviaram bilhões de reais,
mas posam de paladinos da pureza cívica.
FHC além de ter comprado
votos de parlamentares para garantir a aprovação da reeleição no
Congresso Nacional, consta como beneficiário da omitida, porém não
esquecida Lista de Furnas que abasteceu boa parte do tucanato de alta
plumagem. No esquema do metrô de São Paulo, principal ninho tucano,
foram desviados algo em torno de 500 milhões de reais desde o tempo
do falecido Mário Covas. Até uma conta bancária na Suíça foi
aberta para guardar a poupança gerada dos trilhos paulistanos.
Segundo informações da justiça, havia 64 milhões de reais nela.
Junte isso ao valor
desviado das privatizações promovidas pelo PSDB que somam em torno
de três bilhões de reais. Aécio Neves, novo queridinho da direita,
é réu em um processo por desvio de recursos da saúde em Minas
Gerais na ordem de 4,3 bilhões de reais. [Atualizado às 14h44min: O Tribunal de Justiça de Minas Gerais, arquivou o processo contra Aécio.]
Entre os apoiadores da
oposição, aí se inclui Marina Silva, a realidade não é
diferente. O Banco Itau Unibanco, principal patrocinador dos
opositores de Dilma, deve à Receita Federal 18,7 bilhões de reais.
A Natura, empresa de cosméticos de Guilherme Leal, vice na chapa do
Partido Verde em 2010 e “marineiro” de primeira hora deve ao leão
R$ 628 milhões e foi autuada em janeiro desse ano. Fora as dívidas
trabalhistas na qual a empresa “defensora do meio ambiente” é
campeã. Recentemente foi descoberta a dívida da Globo no valor de
R$ 615 milhões.
Se sua tática em um
embate político é o moralismo, não tenha telhado de vidro. Não
seja mais sujo que pau de galinheiro. Se somarmos os valores
desviados e devidos à receita Federal - o que na prática é desvio
também, chegamos a bagatela de R$ 24,8 bilhões.
O custo médio de uma
residência construída pelo programa Minha Casa, Minha Vida do
governo federal é de 40 mil reais. O montante desviado daria para
construir algo próximo de 620 mil casas. O mesmo valor daria para
construir 17 mil postos de saúde com 635,42 m² de área construída
ou 7.655 escolas com 12 salas de aula e com 2.945 m² para atender
432 estudantes. Os dados são do Ministério da Educação (MEC) e
das casas e postos de saúde são do portal da revista Construção e
Mercado.
É mais que evidente que
quem deseja o fim do Bolsa Família, que chega a defender que os
beneficiários desse programa percam seu direito ao voto, apoiam a
oposição ao governo Dilma. O valor de 24,8 bilhões desviados é
quase um bilhão a mais que orçamento do programa em 2013 que chega
a 23,9 bilhões. Mas a meritocracia e o moralismo seletivos ignoram
esse fato.
A diferença é que o
Bolsa Família ajuda na promoção da igualdade e da melhoria da
qualidade de vida dos mais pobres, enquanto que os desvios da
oposição apenas garantem luxo e poder de uma minoria que não gosta
do Brasil. Gostam da França, da Suíça e no fundo sonham em se
tornarem algo que não são: nobreza. Lembre-se disso na hora de
votar em 2014.
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