Está
em voga no Congresso Nacional a discussão sobre o fim do voto secreto dos
parlamentares. Se aprovado, dará, sem dúvida, mais transparência ao Poder Legislativo
no país. Assim, cada cidadão ou cidadã saberá como votou seu deputado ou
senador. Mas isso por si só não moraliza o parlamento nem tampouco é a solução
dos problemas desse poder.
O
debate ganhou mais força após a Câmara do Deputados manter o mandato de Natan
Donadon (ex-PMDB e atualmente sem partido) depois de ele ter sido condenado, em
2010, por peculato e formação de quadrilha.
Há
mais de uma década tramitando em Brasília, a PEC 349/01, de autoria do ex-deputado
Luiz Antônio Fleury (PMDB-SP), atende a anseios de boa parte da população, mas
deixa à mercê parlamentares que dependem de grandes corporações para realizarem
suas campanhas e da nossa mídia, extremamente conglomerada. Ora, que
parlamentar quer que seus financiadores deixem de sê-lo? Ou quem gostaria de
ser defenestrado nas capas de jornais, de revistas e na tevê?
É
preciso aprovar o fim do voto secreto no Congresso sim, mas sem a reforma
política, que tire do jogo – ou torne marginal – o poder econômico através do
financiamento das campanhas eleitorais, será criada no jogo político uma
desigualdade. Junte isso à grande mídia oligopolizada e não teremos grandes
mudanças. Continuarão mandando nos parlamentares sempre quem paga as contas e
quem pode destruir ou construir uma imagem.
Trocando
em miúdos: o poder econômico e midiático, que no Brasil são quase a mesma coisa
(se é que não são!), terão ainda mais força para ditar as regras e o andamento
das coisas nos parlamentos país afora.
O
fim do voto secreto deve vir acompanhado da democratização dos meios de
comunicação e de uma reforma política que fortaleça o debate programático, os
partidos políticos e a própria política, ampliando a participação popular e
combatendo frontalmente a influência do poder econômico nos espaços de
representação.
Só
para se ter uma ideia, a bancada de empresários soma 246 deputados federais e
27 senadores. Latifundiários, que compões a bancada ruralista somam 160
deputados. Como vocês acham que esse contingente chegou a Brasília? Não foi por
outro meio senão por força do poder econômico e, consequentemente, midiático.
2 comentários:
Perfeito, Cadu!
Exatamente o que eu acho; eu tinha até feito um comentário parecido (embora bem mais sucinto e básico) no Facebook!
Bete Torii
Post PERFEITO, irretocavelmente LÚCIDO.
É simples assim, como vc propos, Cadu!
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