O
discurso da presidenta Dilma Rousseff na abertura da 68ª Assembleia-Geral das
Nações Unidas ainda repercute, especialmente nas redes sociais. E o que se vê,
em boa quantidade, infelizmente, é o complexo de vira-lata arraigado em muita
gente, aliado a quem tenta, de uma forma ou de outra, desmerecer a postura de
nossa presidenta.
É
pertinente levantar que espionagem acontece em todos os países; também o é
questionar a espionagem interna, feita por indivíduos – esses dotados de algum
poder, empresas e até pelo próprio Estado Brasileiro. Mas esses são problemas de
ordem doméstica e, sim, devem ser tratados e resolvidos. Mas daí a negar o
papel cumprido por Dilma essa semana é uma pouco demais.
Nunca
chefes de estado brasileiros se manifestaram contra o caudilhismo
estadunidense. FHC era capacho, Sarney fingia que não era com ele e os
militares, bem, os militares se tornaram chefes de estado graças ao apoio
logístico e financeiro dos EUA para executar o golpe de 1964. Para ficarmos
apenas desse período até hoje.
Desde
os governos de Lula que o Brasil não mais pede a benção dos senhores da guerra –
grande papel dos presidentes dos Estados Unidos – e a postura de Dilma
reafirmou a nova postura internacional do país. Imaginem se a notícia fosse ao
contrário: Descoberta espionagem brasileira em ligações telefônicas e e-mails de
Barack Obama. Com o perdão do termo chulo, mas isso seria um “jabuzão” daqueles
bem descompensados, ou não?
Alguns
que tentam desqualificar o discurso de Dilma na ONU, o fazem para tentar
mostrar um ar de “independência” ou mesmo de sobriedade. Como se independência
opinativa não fosse meramente questão de convencimento individual. Acreditar no
que se defende, isso é o que vale e pronto. O resto é linguiça.
Agora
dilema vive a nossa autoproclama “grande imprensa”, ou parte dela: ou defende
os interesses do Brasil contra os desmandos dos EUA ou, mais uma vez, se
assumem subalternos do império.
O
Estadão chegou a defender o discurso de defesa de nossa soberania, mas criticou
a proposta de garantias à neutralidade de rede por que, segundo o período da família
Mesquita, China e Rússia não vão aceitar. Parece que só se pode defender algo
se for consenso. China e Rússia não emitiram uma única nota de roda pé sobre o
assunto.
Já
Veja assumiu de vez o que realmente é: uma revista vira-lata escrita para
vira-latas. Em seu site, Veja acusou Dilma de fazer discurso eleitoral. Numa tentativa
de diminuir a importância de sua fala perante representação da maioria de
países do planeta. Ao contrário de veículos do mundo inteiro que trataram o
assunto como foi: Dilma reage à espionagem dos Estados Unidos, considerando-a
uma afronta.
Para
os adoradores da terra do Tio Sam, vale lembrar que suas guerras são motivadas
pelo acesso a petróleo. O Brasil tem sua camada pré-sal que, estipula-se, em
2017 chegará à produção de um milhão de barris por dia.
É
também evidente que o discurso de nossa presidenta por si só não reverterá a
correlação de forças na geopolítica internacional, mas ele faz parte dos
esforços de nações que não mais aceitam
o jugo dos EUA – cada um a seu jeito – e entre eles está o Brasil.
Ser
contra a fala de Dilma na ONU é sim, por qualquer ângulo que se veja, ser
contra o nosso país. Sua fala defende nossa soberania, mas não esconde e nunca
se pretendeu, esconder problemas domésticos. Isso é besteira de que quer
desqualificar a presidenta.
Um comentário:
Cadu, não faz muito tempo e esses vira-latas estavam espumando bilis com "escutas clandestinas" no STF nunca provadas e que custou o cargo do então delegado da PF, Paulo Lacerda, lembra? O Paulo Henrique Amorim sempre cobrava a fita em seu blog. Cadê a fita com o áudio? Lembra, Cadu, da reação indignada da mídia vira-lata? Lembra do então presidente do STF, Gilmar Mendes, com aquela cara de bêbado falando abobrinha na mídia? Esses caras do PIG são uma verdadeira piada. Não merecem um olhar atento de ninguém. O que fazem, é uma vulgar psicoterapia grupal. Parabéns pelo post, grande Cadu!
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