Com
a prisão-espetáculo de Dirceu e Genoino,
promovida por Joaquim Barbosa,
presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), muita gente jurou que o ciclo da
impunidade no Brasil estava encerrado ou em vias de encerrar. Esses já nutriam
tal sentimento durante o julgamento-novela às vésperas das eleições municipais
em 2012.
Como
sempre foi artifício da direita no Brasil, o discurso do “mar de lama” é o
principal motor das campanhas conservadoras contra governos de caráter popular.
Foi assim no meio do século XX e é assim agora.
Inflamam
contra a Copa do Mundo, alimentando
um sentimento de revolta artificial por causa dos custos que um evento desse
porte exige. Em resumo as falas são que ao invés de se investir para ter o
campeonato de futebol, se deveria investir em educação e saúde, por exemplo.
Dando
o mínimo de crédito a tais argumentos, não seria o caso de tentar barrar o
carnaval, as novelas e big brothers da vida? Sim, por que os canais de
televisão recebem verbas públicas e esses tipos de programas em nada somam ao
desenvolvimento de nosso povo.
Só
lembrando que o retorno financeiro previsto pela realização da Copa do Mundo é
na marca dos R$ 185 bilhões. E dinheiro
público é para infraestrutura.
Mas
voltando ao tema da impunidade e o sentimento de que isso está acabando no
Brasil por causa do STF. Ora, na última década, nunca a Polícia Federal e
Ministério Público tiveram tanta liberdade para investigar e prender envolvidos
em corrupção, não importando a coloração partidária. E isso é fato! Também é
fato que a dificuldade em prender os corruptores é enorme.
E
aí segue uma curiosidade: entre os que desejam que não tenha Copa ou mesmo que
o Supremo faz um brilhante trabalho por prender petistas, estão os agentes do
outro lado da moeda corrupção. Em maior ou menor escala. Pode até ser triste,
mas é verdade.
Enquanto
os conservadores e moralistas de plantão comemoram a prisão de Dirceu e
Genoino. Roberto Jeferson está solto por causa do salmão. Isso mesmo, salmão. Aquele
peixe de cor alaranjada caro pra chuchu. Para quem não se lembra, Jeferson foi
o delator do que chamou de “mensalão”.
Segundo
sua fantasia, o PT pagava para parlamentares votarem nas propostas do governo
no Congresso. No legislativo nacional é bicameral e não há um senador acusado
de receber o que quer que seja para votar com o governo. Dos 513 deputados,
menos de dez foram acusados, a maioria do próprio PT. Somente alguém com inteligência
bem abaixo da média poderia acreditar que o PT pagaria o PT para votar em si
mesmo.
Outro
detalhe é que Jeferson foi cassado por não provar seu conto da carochinha. E
Dirceu foi cassado por chefiar o esquema que não foi provado.
Mas
enquanto alguns se regozijam ao ver Genoino e Dirceu presos, fazem vistas
grossas para a situação do ex-senador Demóstenes Torres. Parceiro do bicheiro Carlinhos Cachoeira em esquemas de
desvio de dinheiro público e chantagens sem fim. Com o uso de Veja, diga-se de
passagem.
Primeiro
que ele foi aposentado compulsoriamente por ser procurador, recebendo a singela
quantia de R$ 22 mil de salário. Segundo que o mesmo passou a virada de ano na
Itália. Livre, leve e solto na cidade de Firenze. Suas fotos ao lado da esposa
foram publicadas no Blog da Cidadania, de Eduardo Guimarães.
Sem
contar o trem descarrilado em São Paulo, a privataria, a emenda da reeleição,
Daniel Dantas, helicóptero com meia tonelada de pasta-base de cocaína...
Você
ainda acredita que o STF faz maravilhas? Que a impunidade está acabando? Que o
Judiciário é o Poder mais sério do país? Ou sua revolta com mazelas se resume a
petistas?
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