Charge do Iotti |
Todo valentão, bravateiro metido a “cavalo do cão” não passa de um covarde. Na política, isso ocorre com as personalidades que arregimentam seus eleitores com base em frases de efeito sempre no sentido de fazer crer a adoção de medidas extremas, de confronto a outras autoridades e envolto à construção imagética de um superser. Esta, como se pode perceber, é a construção da persona Jair Bolsonaro presidente.
Bolsonaro sempre foi um parlamentar meia-boca que usava a bajulação a militares da reserva – em especial aos da ditadura civil-militar-midiática – de 1964 para arregimentar eleitores. Logo, ele passou a ser tratado como “meme” nas redes sociais, o que fez que militares interessados em colocar as Forças Armadas de volta à política esquecem o mau militar que o então deputado federal foi para ungi-lo à Presidência da República.
Bolsonaro passou a frequentar programas com baixíssimo grau de debate público, espaços perfeitos para ele atacar negros, homossexuais, defender a ditadura e a parcela mais rica da população, sempre a repetir a ladainha fantasiosa sobre programas sociais, como o Bolsa Família e as cotas nas universidades e no serviço público, por exemplo.
Uma junção de fatores fizeram que essa possível candidatura a presidente do Brasil ganhasse força, como as tais jornadas “coloridas” de 2013, que inflaram uma onda reacionária tendo o PT como principal alvo. Em paralelo, veio a Lava Jato a ampliar ainda mais essa onda. E, na falta de outro nome, uma vez que os mais conhecidos da política também sofreram desgastes com a bagunça iniciada em 2013, sobrou o ex-capitão do Exército.
Antes, deixe-me fazer um parêntese. Há visões distintas sobre o que, de fato, foram aquelas manifestações em 2013, se seu desenrolar foi planejado ou não. Mas o fato é que aquilo serviu – seja por objetivo, seja por capitulação – ao golpe em 2016, à prisão ilegal de Lula e à eleição de Bolsonaro em 2018.
Em seus quatro anos de governo, Bolsonaro subiu o tom das bravatas, sempre recheadas de palavrões e gestos grosseiros. O espantalho das cúpulas hierárquicas das Forças Armadas usou desse tipo de expediente para manter uma base consolidada na sociedade. E é parte dessa parcela que está fantasiada de papagaio em frente a quartéis de todo o país implorando, rezando, por um golpe de Estado.
Ocorre que Bolsonaro não passa de um covarde e sabe que perderá essa base – ou boa parte dela – em muito breve. Por isso, ele não verbalizou ter reconhecido a derrota eleitoral para Lula em 30 de outubro. Seu covarde silêncio ajuda a alimentar a mente doentia daqueles que aguardam um golpe para seu líder fraco e descartável voltar à Presidência da República.
Além de não ter a coragem de agir com o mínimo de dignidade e reconhecer publicamente a derrota eleitoral, Bolsonaro já começou a deixar as dependências oficiais em Brasília, pois sabe que não passa de um rolete chupado agora (VEJA AQUI).
Entre as bravatas de Bolsonaro estava os ataques à Rede Globo. Inclusive, com promessas e ameaças de não renovar a concessão da emissora da Família Marinho. Mas Bolsonaro, fez o oposto e assinou o decreto de renovação da Rede Globo por mais 15 anos (VEJA AQUI).
Bolsonaro não tem coragem de dar um pio sequer aos seus ainda apoiadores. Após a eleição, falou – salvo engano – apenas uma vez e de forma confusa, o que só alimentou ainda mais a psiquê imbecializada dos que estão em frente dos quartéis. Noutra vez, ficou calado enquanto Michelle Bolsonaro chorava de joelhos.
O teatro em torno daquilo é surreal. Bolsonaro não dá a mínima para seus apoiadores, muitos dos quais, por causa dele, serão presos (MAIS AQUI). Durante a Copa do Mundo no Catar, Eduardo "bananinha" Bolsonaro foi curtir o evento, enquanto o monte de papagaios estavam defecando em banheiro público há dias. O pior foi a desculpa: levar pen drives para expor ao mundo o que ocorre no Brasil. Chamar todo mundo de imbecil é bobagem, tem que florear a chacota.
Na surdina, Bolsonaro marcou viagem para os Estados Unidos, onde passará a virada de ano. Ele vai para um resort de luxo de Donald Trump, ex-presidente dos Estados Unidos e versão de Bolsonaro no Tio Sam. Ou será que Bolsonaro é a versão brasileira de Trump? Tanto faz.
O detalhe é que Bolsonaro viajará em avião presidencial e com passaporte diplomático, uma vez que em 28 de dezembro ele ainda está como presidente do Brasil. Há quem diga que essa viagem é para fugir da Justiça, o que é provável, mas certeza só o tempo dirá.
Diante disso tudo, as redes bolsonaristas seguem em sua realidade paralela. Não acreditam em nada a não ser em mensagens cifradas de fotos antigas ou qualquer devaneio cognitivo que seja. São uns otários. Pseudopatriotas, mas otários.
Seja como for, Bolsonaro é um frouxo e encantou – ou foi instrumento para encantar – um monte de otários. Não existe outra palavra para quem ainda, nessa altura do campeonato, siga à espera de extraterrestres e de um golpe que não virá. Até porque o golpe já ocorreu em 2016 e culminou na eleição do “sainte”.
Todo modo, o bolsofrouxo é um encantador de patriotários e até quem o ungiu arrumar outro, seja para ser espantalho ou um dos seus, de fato, é o que resta aos fantasiados de papagaio espalhados pelo país.
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