quinta-feira, 29 de dezembro de 2022

Lula 3 mais amplo e com grandes desafios políticos e sociais

Lula em último anúncio de ministros (Foto: Ricardo Stuckert)

Na tarde de 29 de dezembro, o presidente eleito e diplomado Lula (PT) anunciou a última leva de ministros de seu terceiro governo, que inicia em 1º de janeiro. Como marca na nova Esplanada, a amplitude. O governo Lula 3 terá mais partidos nos ministérios que no primeiro e segundo mandatos do petista, com nove legendas no total do primeiro escalão. Isso garante base de apoio institucional, mas também desafios políticos e sociais.

Das 37 pastas que o próximo governo Lula terá, 10 serão ocupadas por petistas: Fernando Haddad na Fazenda; Rui Costa na Casa Civil, Alexandre Padilha na Secretaria das Relações Institucionais; Márcio Macêdo na Secretaria-Geral da Presidência da República; Camilo Santana na Educação; Cida Gonçalves na pasta das Mulheres; Wellington Dias no Desenvolvimento Social; Luiz Marinho no Ministério do Trabalho; Paulo Teixeira no Desenvolvimento Agrário; e Paulo Pimenta, na Secretaria de Comunicação.

Onze ministros do total não têm filiação partidária: José Múcio na Defesa; Jorge Messias na Advocacia-Geral da União (AGU); Nísia Trindade no Ministério da Saúde; Esther Dweck na Gestão; Margareth Menezes na Cultura; Anielle Franco na Igualdade Racial; Vinícius Carvalho na Controladoria-Geral da União (CGU); Mauro Vieira nas Relações Exteriores; Sílvio Almeida nos Direitos Humanos; Ana Moser nos Esportes; e Marco Edson Gonçalves Dias no Gabinete de Segurança Institucional (GSI).

Já entre os demais partidos, o PSB, que compôs a chapa com Lula, indicando Geraldo Alckmin como vice-presidente, ocupará três ministérios: Márcio França, Portos e Aeroportos; Flávio Dino, Justiça e Segurança Pública; e o próprio vice-presidente Geraldo Alckmin no Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Serviços.

O PSD também ocupará três espaços: Carlos Fávaro na Agricultura; André de Paula na Pesca; e Alexandre Silveira em Minas e Energia.

Outra legenda a ocupar três espaços é o União Brasil: Waldez Góes – que está no PDT, mas trocará de partido em janeiro – na Integração e Desenvolvimento Regional; Daniela do Waguinho no Turismo; e Juscelino Filho nas Comunicações (LEIA MAIS AQUI).

O MDB é a outra legenda a ocupar três pastas: Jader Filho no Ministério das Cidades; Renan Filho, nos Transportes; e Simone Tebet no Planejamento. Os últimos dois nomes merecem, neste espaço, um texto – ou vídeo no canal no Youtube – específico. O que ocorrerá logo, portanto, acompanha aqui e lá!

PDT, com Carlos Lupi na Previdência; PCdoB com Luciana Santos na Ciência e Tecnologia; PSOL com Sônia Guajajara nos Povo Indígenas; e Rede com Marina Silva no Meio Ambiente completam o primeiro escalão do Lula 3.

O PT está presente em menos de 1/3 dos ministérios. Logo, ao contrário do que parte da mídia grande alardeou – de forma estúpida, diga-se –, Lula garantiu a frente ampla em seu governo. E ainda ampliará mais com a ocupação de espaços no segundo escalão.

Nos outros dois governos de Lula, O PT ocupou 58% dos ministérios em 2003 e 47% em 2006.

Espaços de segundo e terceiro escalão também ajudarão Lula a ampliar e/ou consolidar sua base de apoio. Órgãos como a Codevasf e o Incra, por exemplo, são de interesse de partidos. No caso do Incra, ainda é possível garantir espaços nos estados. No caso da Codevasf, hoje comandada pelo deputado federal Arthur Lira (PP), presidente da Câmara dos Deputados, nada deve mudar.

O atual superintendente da Codevasf é João Pereira, primo de Arthur Lira.

A frente ampla que elegeu Lula se ampliou ainda mais na composição dos ministérios porque o saldo eleitoral para o Congresso Nacional ficou aquém do esperado. O que era amplo ficou ainda mais.

E é evidente que isso gera recuos em diversos pontos, mas pela cultura política do Brasil, o principal do horizonte governamental de Lula será mantido. Sempre é bom lembrar que o Congresso eleito em 2 de outubro não é bolsonarista, é governista. Pode ser conversador em muitas questões, mas não é empecilho para outros tantos temas desde que seja parte do governo.

E não, não me refiro a maus feitos. Me refiro à política. Algo que nunca – nunca! – podemos negar. Quando isso ocorre, vem um Bolsonaro da vida para ocupar o espaço. “Fora da política, a gente não encontra solução para quase nada no planeta”, bem afirmou Lula após anunciar os últimos nomes de seu ministério.

Também é evidente que não se trata do primeiro escalão dos sonhos de ninguém, ainda mais no campo progressista. E Lula admitiu isso durante o anúncio desta quinta-feira, 29/12.

“Quando a gente monta um ministério, é que nem um técnico da seleção. Certamente, nem todo mundo gostou. Vocês viram que a escolha que o Tite fez foi unânime na imprensa esportiva brasileira, não houve um único ‘senão’ aos nomes. Aqueles que faziam crítica, o faziam ao Daniel Alves porque tinha 37 anos e estava sem jogar”, comentou Lula ao final do último anúncio de ministros.

E é diante disso que caberá àqueles que, realmente, desejam ver o país promovendo o desenvolvimento, a distribuição de renda, a promoção da igualdade, da democracia, defender esse projeto político. Mas isso não significa deixar de fazer críticas, especialmente àquelas que visam não deixar o governo Lula 3 pender mais para o lado direito da frente ampla. Esse é um dos grandes desafios dos próximos anos.

É preciso entender que os próximos quatro anos serão fundamentais, inclusive, para devolver a extrema-direita de volta à caverna de onde saiu. Para isso, no meu entender, é preciso que atuemos no sentido de fortalecer política e socialmente o próximo governo Lula, compreendendo suas limitações conjunturais e apontando quando ele estiver – se estiver! – se direcionando além da conta para o lado direito do espectro político nacional.

Outra coisa que precisamos entender é que não há, nesse momento, inimigos políticos dentro do âmbito da democracia.

Imagine que fizemos um muro da democracia em volta da sociedade brasileira. Tudo que estiver dentro, faz parte do campo democrático – mesmo com todas as contradições históricas que se possa ter – e o que está fora é o fascismo à brasileira ou que chamamos de bolsonarismo.

Dentro do muro, debatemos, discutimos, divergimos e construímos consensos. Já com o que está fora do muro, a gente deixa lá. E se for o caso, aumentamos a altura e a largura desse muro.

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Um comentário:

Maria Barbosa disse...

Bom texto. Parabéns