domingo, 8 de janeiro de 2023

Quem está por trás dos patriotários quer um cadáver para chamar de seu

Patriotários choram e rezam em muro de quartel (Foto: Reprodução)

As manifestações golpistas em frente aos quartéis e povoadas de patriotários seguem, apesar de terem diminuído após a posse de Lula como presidente do Brasil em 1º de janeiro. Tem sido uma choradeira sem fim e com ares de meme de redes sociais. Aliás, todo esse período dessa gente fantasiada de papagaio tem tido essa característica. Agora, imaginem essa gente com um cadáver como bibelô?

Durante a primeira semana de mandato de Lula, uma nova manifestação foi marcada em Brasília. Enquanto escrevo esse texto, a informação circulante é que 100 ônibus chegaram à capital federal, com cerca de 4 mil pessoas. Isso não é nada, ainda mais em Brasília, com aqueles espaços enormes que prédios e ruas. Mas segue sendo ato criminoso, uma vez que pedir golpe de Estado é crime. Ponto final.

Nas convocações, usa-se termos como “guerra”, “tudo ou nada”, num tom de disposição em “morrer pela pátria”. O detalhe é que enquanto os imitadores de papagaio seguem dispostos a lutar por sua realidade paralela, o líder deles fugiu para os Estados Unidos e de lá seguirá em fuga (LEIA AQUI).

O termo patriotários é perfeito para essa gente.

Mas esse texto não é para fazer chacota.

Quem está por trás da destruição cognitiva dessa gente – em qualquer nível que seja, uma vez que em dado momento, muita coisa começa a acontecer por “osmose” –, anseia por ver o circo pegar fogo e se produzir um cadáver para chamar de seu, ter um mártir como mobilizador permanente e de longo prazo.

“Cicrano morreu pela liberdade”, “Fulano deu a vida por nós em defesa da família”… A morte de alguém em luta por uma causa, por mais estapafúrdia ou criminosa que seja, garante mobilização em longo prazo. Além do que, um incidente assim por provocar aumento de mobilização em curto prazo.

Tivemos casos parecidos na História, inclusive a recente. Antes das manifestações de 2013, que bagunçaram o coreto da política nacional e que resultou no golpe de 2016 que tirou Dilma Rousseff (PT) da Presidência da República, as manifestações eram diminutas e com viés específico: aumento da passagem do transporte coletivo.

Mas imagens de uma ação violenta da polícia de São Paulo contra estudantes serviu de gatilho para aumentar aquelas mobilizações. Aqui em Alagoas, mesmo, os atos contra o reajuste passagem de ônibus não passavam de 150 pessoas até então. Só para dar um exemplo.

O ministro da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino, já autorizou a presença da Força Nacional em Brasília e afirmou estar pronto para a “guerra” dos golpistas. À primeira vista, isso parece um anúncio de que o Estado baixará o cacete nos golpistas. Apesar de meu desejo por isso, confesso, porque, assim como milhões de brasileiros, já estou me cansando desse bando de patetas, essa não foi a orientação principal.

Quem acompanha Flávio Dino – e Lula – há algum tempo e com alguma atenção, sabe bem que o uso da força, no sentido de violência, não é a tônica deles. O que não quer dizer abrir mão de usá-la se – e somente se – for realmente necessária. Até a “porrada comer solta”, por exemplo, há uma série de ações que podem e serão feitas.

Além disso, é evidente que há a avaliação do desejo de que os golpistas tenham seu cadáver nesse processo. Sem falar a repercussão, internacional, inclusive, de caos e confusão. Um desgaste político infinitamente maior do que ter os patriotários em frente aos quartéis.

É com inteligência e muita, mais muita paciência, que essa gente sairá das ruas e seus mentores, seja de qual nível for, pagarão por seus crimes. A política e a justiça têm seu tempo próprio e o Estado se defende.

Se tem uma coisa que o Estado – de qualquer lugar e sob qualquer configuração ou formato – sabe fazer é se defender em todas as esferas existentes.

Na medida em que os patriotários são levados para a linha de frente, pode apostar que o Estado já segue monitorando a troca de mensagens, origem de recursos para, no seu tempo, agir. E sim, isso é algo que também não pode demorar uma eternidade para ocorrer, sob risco de haver acúmulo político golpista.

Mas precisamos ter paciência, estamos somente com uma semana de início da reconstrução do Brasil. O que não se pode fazer é dar a essa gente o que ela quer: um mártir, um cadáver para chamar de seu, para ser usado como totem mobilizador da extrema-direita. Isso não.

5 comentários:

Poemas, Loucuras Etc disse...

É isso mesmo, Cadu, você tem razão. Quem está comandando esse rebanho está querendo um "boi de piranha", para atingir sua meta. Deve ter sido por isso que Bostanaro se afastou, para ficar aguardando o desenrolar das manifestações. Eu não duvido nada que tenham milhares de militares envolvidos nestas armações, assim como outras "autoridades", pois o que esta corja bostanazista quer ver é o povo subalterno, humilhado. Infelizmente o povo não consegue perceber isso. Abraços

Cadu Amaral disse...

É isso

Anônimo disse...

Nada como um cadáver na política... João Pessoa morreu graças a um marido "corneado", mas seu corpo foi usado como vítima política e andou meio Brasil exposto como sendo seu algoz o governo de então. Deu nonq deu, a Revolução q levou Getúlio ao poder e derrubou o governo.

Anônimo disse...

Dias piores o STF, já passou.
Acredito no bom senso e na solidez de nossa Democracia, nada ocorrerá .

Anônimo disse...

A anarquia de ontem foi avisada e nada foi feito por quê? Tem algo muito estranho atrás dessa atitude apática. Policiais assistindo o quebra quebra e tirando fotos rindo foi visto em cadeia nacional. A casa foi deixada aberta para o bandido entrar. Isso é inadmissível. O chefão da grande mafia continua solto por quê?