Disputa pelo comando do Senado fez Casa mudar de tom (Fotos: reprodução) |
No início de 2023, era a Câmara dos Deputados que tencionava a relação com o Poder Executivo e, em grau menor, com o Supremo Tribunal Federal (STF). Por tensão, não entenda choque direto, mas pautas incômodas e demoras além da conta para votação de matérias. Sem falar nas aprovações dos temas “pela metade”.
Agora, de algumas semanas para cá, quem tem cumprindo esse papel é o Senado. Por quê? Até algum tempo atrás, a Casa era tida como ambiente tranquilo para Lula e demais poderes. Inclusive, impôs mais freios aos devaneios de Jair Bolsonaro (PL) quando este estava na Presidência da República.
Uma das razões, creio, se deve ao fato de o Palácio do Planalto ter dado mais atenção à Câmara dos Deputados que ao Senado nesses 10 meses de governo Lula. Justificável porque a correlação de forças lá era bem mais complicada que no Senado. Há certo ciúme aí, um reclame por mais “atenção e carinho”.
Mas não é só isso.
Rodrigo Pacheco (PSD), atual presidente do Senado, pautou mudança no STF e agora mais poder aos parlamentares sobre o Orçamento da União. Na prática, isso representa o enfraquecimento dos poderes Legislativo e Executivo. (MAIS AQUI e AQUI)
Recentemente, o Senado vetou a indicação do Planalto para a Defensoria Pública da União, saída de lista tríplice do órgão.
Rodrigo Pacheco é ligado – quase umbilicalmente – ao senador Davi Alcolumbre (União Brasil), que deve ser candidato à presidência daquela Casa. Ele, inclusive, indicou três ministros no governo Lula: Daniela do Waguinho no Turismo, Juscelino Filho (MA) nas Comunicações e Waldez Góes no Desenvolvimento Regional.
Daniela foi trocada por Celso Sabino, indicado por Arthur Lira (PP), presidente da Câmara dos Deputados. O líder do “centrão” indicou dois ministros e o novo presidente da Caixa Econômica.
Com o fortalecimento de Arthur Lira, Davi Alcolumbre se enfraquece. Se fica mais fraco, mais dificuldade para sua volta ao comando do Senado.
O portal Congresso em Foco realizou pesquisa entre os senadores e Davi Alcolumbre aparece como favorito, seja em opção de voto, seja em expectativa de vitória. Mas há outro nome bem citado entre seus pares: Renan Calheiros (MDB). (VEJA AQUI)
Renan Calheiros é muito próximo a Lula e tem um filho como ministro: Renan Filho (MDB) nos Transportes. Ter um ministério robusto em recursos ajuda bastante no convencimento de parlamentares para votar em eleições de mesa diretora.
E aqui, como sempre repito nos vídeos no canal no Youtube, não me refiro a malfeitos, mas ao acesso a recursos para destinação às bases eleitorais, tudo dentro da regra do jogo.
Em princípio, seria mais interessante ao Planalto ter Renan Calheiros no comando do Senado que Davi Alcolumbre.
Mas o que tem a ver o fortalecimento de Arthur Lira nisso dai?
Tem que Lula tem atuado para dirimir as quizilas entre Arthur Lira e Renan Calheiros. O senador não esteve no lançamento do Novo PAC em Alagoas, mas o ministro Renan Filho e Arthur Lira, sim. E as falas foram em tom de cordialidade. Com algumas alfinetadas, é verdade, mas nada fora do tom.
Sem contar já haver algum tempo que Renan Calheiros não bate em Arthur Lira nas redes sociais.
Logo, insinuar que o Senado pode ser uma “casa-problema” para o Planalto e para o STF é uma forma de pressionar para limpar o meio de campo. Enquanto Davi Alcolumbre conseguir fazer isso, fará. É do jogo.
O jogo é bruto
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