quarta-feira, 22 de novembro de 2023

Quem é o deputado federal que ajudou Dr. JHC, irmão do prefeito de Maceió, após agressão à namorada?

Dr. JHC foi à delegacia por agredir namorada (Emergência 190/Reprodução)

O último fim de semana, mais precisamente em 18 de novembro, João Antônio Henrique Caldas, irmão do prefeito de Maceió, João Henrique Caldas (PL), conhecido como JHC, deu entrada na delegacia Central de Flagrantes por agressão à namorada. O caso foi tratado de maneira incomum, por assim dizer, como nítida proteção ao irmão do prefeito da capital alagoana, que na última eleição tentou vaga na Câmara dos Deputados com a alcunha de “Dr. JHC”.

Foi a própria namorada do Dr. JHC que ligou para a Polícia Militar após ter sido agredida, mas após chegar à delegacia, afirmou que “tudo não passou de mal-entendido”. Contudo, em vez de ela chegar à delegacia em minutos, levou cerca de duas horas. Mais ou menos o mesmo tempo que Dr. JHC levou para chegar à Central de Flagrantes. Já se sabe que três policiais militares atuaram para proteger o irmão do prefeito de Maceió.


Um deles, inclusive, tirou a namorada dos cuidados da guarnição que atendeu a ocorrência e a levou – após duas horas – à delegacia. Há aí um evidente desvio de conduta somente por não terem sido os policiais que atenderam à chamada a levar a mulher à Central de Flagrantes. Nesse tempo, é o que tudo indica, deve ter ocorrido aquela conversa marota para a moça mudar a versão da denúncia.

No momento em que escrevo esse texto, dois policiais militares já estão presos na sede da Polícia Militar e o terceiro não se apresentou ao Comando da PM e deverá responder por deserção. Eles cometerem crime militar e podem até responder na Justiça comum.

Um detalhe importante é que Eudócia Caldas, mãe dos irmãos “JHC” e suplente do senador Rodrigo Cunha (Podemos), é oficial da Polícia Militar de Alagoas.

Ainda segundo o noticiário, um delegado de Polícia Civil também teria ajudado o irmão do prefeito de Maceió a escapar do imbróglio. Seu nome, até o momento, não foi revelado.

Mas foi o governador Paulo Dantas (MDB) que revelou a presença de um dos nove deputados federais de Alagoas na delegacia para ajudar o irmão do prefeito de Maceió.

“Um deputado federal também esteve lá na Central, antes da vítima e do agressor chegarem. Estamos tomando todas as providências e todos os envolvidos serão duramente punidos. O Governo de Alagoas não aceita homem bater em mulher. Se acontecer, vai ser preso e devidamente punido”, afirmou o governador em entrevista no dia 21 de novembro.

Quem é o deputado federal ajudante de agressor de mulher?

Alagoas tem nove deputados federais, mas por perfil – seja pessoal ou político – nem todos se encaixam ou teriam interesse em ajudar o irmão do prefeito de Maceió e evitar, ou diminuir, o escândalo em ano pré-eleitoral.



Paulão é do PT, não tem nenhuma relação política com o prefeito de Maceió, e sempre combateu todas as formas de violência.



Arthur Lira é o presidente da Câmara dos Deputados e não perderia seu tempo indo a uma delegacia. Se fosse para ele interferir, o faria através de assessores.



Daniel Barbosa tem perfil mais progressista que de centro (ão), apesar de ser filiado ao PP.



Luciano Amaral não é do grupo político do prefeito de Maceió e não gastaria energia com isso.



Marx Beltrão, apesar de ser do grupo político do prefeito de Maceió, é pragmático o suficiente para não se envolver com isso.



Isnaldo Bulhões é o MDB e muito, mais muito próximo aos Calheiros e também não gastaria energia com tal coisa, ainda mais para alguém de campo adversário. Sem falar que tenta presidir a Câmara dos Deputados após término do mandato de Arthur Lira na Casa.



O mesmo vale para Rafael Brito que, aliás, é cotado como candidato a prefeito de Maceió pelo MDB.

Sobram aí dois nomes: Alfredo Gaspar e Fábio Costa, eleitos na onda da extrema-direita.



Alfredo Gaspar foi procurador-geral de Justiça e secretário de Segurança Pública durante o governo Renan Filho. Tem estilo metido a xerife, é do campo político de JHC e sonha com voos mais altos na política.



Fábio Costa é delegado de Polícia Civil e quando vereador em Maceió vivia às turras com a vereadora Teca Nelma, que tem sido uma voz mais progressista na Câmara Municipal da capital alagoana. Ele também gosta de aparentar ser um xerife, mas é mais discreto que Alfredo Gaspar.

Ambos, portanto, têm bom – ou algum – trânsito entre os delegados de Polícia Civil. Mas segundo analistas do cenário político local, Alfredo Gaspar tem apresentado mais condições de sobrevida política que Fábio Costa, tendo, assim, mais a perder queimando seu filme com esse caso.

Quando essa informação vazar, é bom o deputado federal defensor de agressor de mulher, especialmente se for rico e influente politicamente, pôr a barba de molho.

2 comentários:

Rita Correia disse...

Esse caso todo é absurdo atrás de absurdo.

Oscar Ribeiro dos Santos disse...

Quase desenhado... Fábio Costa