domingo, 19 de novembro de 2023

A farsa do Estadão contra Flávio Dino e o assédio nas redações


Neste sábado, 18 de novembro, o portal Revista Fórum revelou que repórteres do periódico preferido da Faria Lima, o Estado de S.Paulo, denunciaram Andreza Matais, editora de política do jornal por assédio ao Ministério Público do Trabalho (MPT) do Distrito Federal. Recém-contratados pela empresa, os jornalistas afirmam que a chefe os obrigou a manipular fatos para relacionar o ministro da Justiça e Segurança Pública Flávio Dino ao tráfico de drogas, no caso da “dama do tráfico do Amazonas”. 

De acordo com a denúncia, “Andreza preparou e executou a reportagem com o objetivo pessoal oculto de revigorar a candidatura do ministro Bruno Dantas, presidente do Tribunal de Contas da União (TCU), de quem Andreza se diz 'amiga pessoal' e 'devedora' à vaga de ministro do Supremo Tribunal Federal (STF). Dantas disputa a antiga vaga da ex-ministra Rosa Weber com Dino”.


“Para viabilizar esse seu interesse pessoal oculto de ajudar Dantas e desmoralizar Dino, Andreza também usou uma entrevista do ministro Gilmar Mendes, do STF, igualmente amigo pessoal de Bruno Dantas e de Andreza Matais para inflar a gravidade da visita da 'dama do tráfico' e, assim, conferir ares de gravidade ao 'factoide' que é o encontro de uma suposta chefe do tráfico com autoridades do governo”, pontua outro trecho da denúncia revelada pelo portal Revista Fórum.

“A tática imita operações de desinformação de arapongas e outros profissionais de 'inteligência', pois, na ausência de fatos que indiquem um favorecimento ou uma comunhão de desígnios com a tal chefe do tráfico, a fabricação de notícia busca conferir verossimilhança a uma narrativa pela qual Dino pareça alguém ligado ou simpático ao narcotráfico e, assim, seja considerado um nome impróprio para o STF”, prossegue a denúncia.

Num outro momento, o repórter do Estadão, o jornalista André Shalders admitiu nas redes sociais que a apelido de "dama do tráfico" para definir Luciane Barbosa Farias, presidenta da Associação Instituto Liberdade do Amazonas, foi inventada a partir segundo ele, de uma declaração de uma fonte. Mas ele apagou a postagem logo em seguida.

O LINK PARA A REPORTAGEM COMPLETA DA FÓRUM PODE SER ACESSADA AO FINAL DO TEXTO.

O caso esteve mal contado desde o início e qualquer pessoa com o mínimo de capacidade cognitiva o achou, ao menos, esquisito. Mesmo com toda essa invencionice, a história sempre foi rala, sem consistência e uma evidente tentativa de desgastar Flávio Dino, seja como ministro da Justiça e Segurança Pública de Lula, seja como nome para o Supremo Tribunal Federal. Dino é um dos cotados, segundo informações publicadas na imprensa, para ocupar a vaga deixada por Rosa Weber.

São tantos problemas éticos nesse caso que temos aí mais um exemplo a ser usado nas salas de aula das faculdades de Jornalismo espalhadas pelo país. 

De acordo com o Código de Ética dos Jornalistas Brasileiros (AQUI), em seu artigo 7º, o jornalista não pode “submeter-se a diretrizes contrárias à precisa apuração dos acontecimentos e à correta divulgação da informação”. Já o artigo 8º diz que “o jornalista é responsável por toda a informação que divulga, desde que seu trabalho não tenha sido alterado por terceiros, caso em que a responsabilidade pela alteração será de seu autor”. 

Há também no Código a cláusula de consciência, sendo este um instrumento para negar a autoria e execução de trabalhos com outros fins senão o de informar. 

Mas tudo isso é apenas tese. Na prática, é só isso. Primeiro que o Código de Ética dos Jornalistas não é lei. Logo, não passa de somente uma orientação da própria categoria, feita para si mesma. Segundo, que como em qualquer outro ramo do mercado de trabalho, manda quem pode…

Esse tipo de assédio denunciado por repórter do Estadão vem como uma bomba na lorota montada contra Flávio Dino, mas é muito mais comum do que parece. Esse tipo de coisa ocorre diuturnamente nas redações espalhadas pelo país e quanto menor o mercado de trabalho, mais silenciado esse tipo de coisa permanece.

Repórteres têm medo de se negarem a realizar conteúdos enviesados para não serem demitidos. Uma demissão por se negar a cumprir uma ordem de editores pode significar o banimento das redações. O que os repórteres do Estadão fizeram foi de uma valentia ímpar, mas há inúmeras denúncias espalhadas pelo país, seja no Ministério Público do Trabalho ou não.

O fato de o exercício profissional ser desregulamentado e sequer há a exigência de diploma para tal, aguda ainda mais esse quadro.

Seja nos vídeos no Youtube, seja nas redes sociais, sempre quando afirmo que se deve sempre cobrar a empresa e não o repórter por conteúdo enviesado, muita gente faz careta. Temos aí um caso concreto sobre que afirmo há algum tempo.

Repórteres são trabalhadores como qualquer outro e tiram seu sustento vendendo sua força de trabalho. É verdade, eu sei que muitos se julgam o suprassumo da sociedade, mas em todas as categorias “intelectualizadas” há esse tipo de comportamento.

Imaginem o seguinte, num exemplo extremo às avessas. Se um nazista for contratado para trabalhar num veículo cujo dono é comunista, ele escreverá ou falará aquilo que o dono quer. Goste disso ou não. Também é evidente que muitos jornalistas concordam com a posição político-ideológica do patrão e reproduzem o discurso com muito bom grado, caso de Andreza Matais. Mas não são todos.

Ah, e com a pejotização das relações de trabalho, muitos colunistas possuem contratos específicos com os veículos que publicam seus conteúdos e opiniões. Nesses casos, pode haver discrepância – nada grande, diga-se – entre o profissional e a empresa e a conta de erros e enviesamento é do próprio.

Voltando ao caso em questão, mais um ataque da mídia grande a Lula e seus aliados. Mais uma lorota que cai por terra. O problema disso é que essa mentira já serve como combustível para a extrema-direita alimentar seus biroliros de estimação.

É a vida, é a luta. Sigamos.


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