Lula durante anúncio dos 100 nos IF's e durante anúncio do REUNI (Fotos: Reprodução) |
O presidente Lula anunciou a construção de 100 novos institutos federais no país. Em Alagoas, serão mais três nas cidades de Mata Grande, no Sertão; Girau do Ponciano, no Agreste; e em Maceió, capital do estado e que conta com cerca de 1/3 da população alagoana, que passará a contar com quatro unidades.
Mas o que deveria ser comemorado, por essa iniciativa amplia o acesso ao ensino de qualidade – e público! –, para alguns do campo da esquerda foi tratado com algo quase (ou não) ruim.
“Ah, mas isso sem aquilo não presta”; “ah, mas e aquilo outro lá?”; “ah, mas aquele outro ponto que não foi abordado?”. Todas as falsas ponderações feitas, apesar de valerem o debate, não eliminam a importância desse anúncio: 100 novos institutos federais de ensino em todo o Brasil.
Como isso pode ser ruim e não ser celebrado?
Além do acesso ao ensino, teremos acesso a empregos, tanto de professores quanto de técnicos-administrativos. Teremos incremento na economia com as obras e também com a compra dos produtos que precisam ser adquiridos para o funcionamento destas unidade de ensino.
Além do fato que a instalação de um instituto federal de ensino, especialmente nas cidades pequenas, muda o perfil social daquela comunidade, pois cria um setor com melhor formação e que tende a promover o desenvolvimento local em médio e longo prazos.
Um dos reclames que mais tem viralizado é sobre criar as IF’s e não revogar o Novo Ensino Médio (NEM). Uma coisa não tem relação direta com a outra. Esse pensamento parte da premissa que só se pode criar vagas de ensino quando o modelo for o perfeito (para quem?). Debates de caráter mais voltados à concepção das ações públicas levam tempo, têm reveses por causa dos defensores de teses opostas.
É a mesma linha de raciocínio dos contrários ao Bolsa Família. “Em vez de dar o peixe, ensine a pescar”. No caso, “em vez de criar mais vagas, melhore o modelo”. Ou seja, quem está fora – sem comer ou sem estudar – que espere a elite pensante definir o que é melhor.
A “anti reunização” usada no título desse texto vem dos embates dentro das universidades por causa do programa REUNI, lançado nos primeiros governos Lula, que garantiu a expansão do ensino superior no Brasil “como nunca antes na História desse país”, como gostava de falar o presidente da República.
Não foram poucos os setores da esquerda no movimento estudantil, docente e de técnicos-administrativos a repetir a besteira de que não se poderia expandir as universidades enquanto todos os problemas nelas existentes não estivessem sanados.
Em resumo, quem está sem vaga no ensino superior que espere a perfeição acadêmica para ter o tão sonhado diploma de curso superior.
Essa lembrança me veio à mente após uma companheira dos tempos de movimento estudantil na Universidade Federal de Alagoas (Ufal) fazer a associação entre o anúncio das 100 IF’s e o REUNI. Os embates daqueles anos – entre 2006 e 2008, 2009 – surgiram na lembrança imediatamente.
Só para se ter uma ideia, para se aprovar a criação do campus Delmiro Gouveia da Ufal foi preciso que quase uma centena de estudantes secundaristas da cidade sertaneja viessem a Maceió para garantir – isso mesmo, garantir – a reunião do Conselho Superior da Universidade que aprovou a instalação de uma Ufal lá. (Um dos registros daquele momento abaixo)
Os “radicais revolucionários” eram contra a expansão da Ufal para as cidades mais pobres. Filhos da classe média, repetiam a besteira de que antes tem de deixar tudo em perfeição para expandir. Ou seja, os jovens sertanejos e aquelas localidades – que hoje se beneficiam aos montes das ações da Universidade – que esperassem a perder de vista.
A expansão do acesso ao ensino público deve ser feito constantemente e seus problemas serem resolvidos em paralelo. É como trocar o pneu de um carro com ele em movimento. Até porque esse “carro” não pode parar, pois se trata de um veículo que vai levar muita gente e localidades rumo a um futuro de desenvolvimento, seja econômico e/ou social.
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