terça-feira, 31 de dezembro de 2024

2025, o ano da unidade rentista para enfraquecer Lula

Mídia hegemônica e mercado financeiro atuarão para enfraquecer Lula em 2025


O ano de 2025 será central para a economia e a política brasileiras. A casa arrumada economicamente facilita a formação do tabuleiro para as eleições presidenciais de 2026, na qual Lula deverá concorrer à reeleição.

Ao fim do segundo ano do terceiro governo, Lula conseguiu dar muitos nós em pingos d’água. O terceiro governo do petista é bem diferente dos primeiros. Agora, além de ter um banco central jogando oficialmente contra, ele contou com um Congresso Nacional hipertrofiado de poder, mais fisiologista e mais faminto por recursos públicos.

Tal qual os dois primeiros mandatos, Lula tem de lidar com um mercado financeiro e uma mídia hegemônica antinacionais, até porque os donos da mídia enchem suas botijas no rentismo, restando aos veículos de comunicação somente o papel de caixa de ressonância das pseudoverdades do “deus mercado”.


No final de 2024, tivemos uma amostra do estrago que o mercado financeiro usando a mídia hegemônica pode fazer. O ataque especulativo ao real, sobrevalorizando o dólar, é exemplo do que essa turma está disposta a fazer para frear os avanços que o governo Lula tem conseguido nesse mar revolto chamado Brasil.

Sem um adversário eleitoral à altura e tendo até mesmo Fernando Haddad, segundo pesquisa Quaest divulgada em dezembro, como um nome que venceria qualquer outro da extrema-direita, resta aos rentistas buscar desidratar Lula de qualquer maneira possível.

E não se trata de afirmar que o governo Lula 3 é perfeito e sem problemas. Nada disso. Mas que mesmo diante de tantas adversidades e recuos, tem obtido êxitos importantes.

O Brasil atingiu o menor índice de desemprego em anos; a maior massa de renda; altos índices de crescimento industrial e de investimento externo e tudo isso dialogando com paradigmas impostos pela hegemonia cultural do neoliberalismo, que ainda insiste em permanecer por essas bandas. 

No mundo todo, as teses neoliberais estão sendo jogadas para onde devem: a lata do lixo. Mas como sempre, os grandes capitalistas mundiais fazem da América Latina seu laboratório, vide a Argentina de Javier Milei, com mais da metade da população na miséria. “Mas com bons índices de inflação”.

Bradam que a economia argentina cresceu no último trimestre. Ora, qualquer copo d’água no deserto pode dar sensação de inundação.

Lula retomou, ainda nem sombra dos anos pré-golpe de 2016, o papel de indutor da economia das estatais brasileiras. E aí tivemos mais um vislumbre do que a mídia hegemônica é capa de fazer para “tumultuar o rolê” do país.

O próprio Banco Central “independente” que a mídia e o mercado financeiro tanto enaltecem divulgou no dia 30 de dezembro que o déficit primário do setor público caiu 82,5% em relação a 2023. Mas quais foram as manchetes, iniciadas pela Folha de S.Paulo? “Estatais quebradas”.

É um dos pesadelos do “deus mercado” ver empresas públicas investindo em si mesmas e no desenvolvimento do povo brasileiro. Afinal, a classe dominante brasileira sempre odiou seu povo, suas misturas culturais e sua enorme diversidade, preferindo sempre se julgar europeu ou, nos tempos atuais, estadunidense. (Isso depende do imperialista da vez).

Na indústria, os investimentos feitos nos últimos dois anos preparam terreno para início de uma reindustrialização do país e isso também dá arrepios dos donos da dívida pública brasileira. Com mais indústria, menos financeirizada é nossa economia. Logo, menos poder – mesmo que seja uma lasquinha – os rentistas terão.

Em 2024,a indústria brasileira cresceu 5,8% em comparação com 2023.

Empregos formais têm sido gerados e diminuído a distância para os informais. Quem não viu pseudoanalistas reclamarem na televisão, sites e jornais que a “economia está muito forte” e que os salários vão subir demais. Parece surreal pessoas defenderem desemprego e salários mais baixos publicamente como isso fosse bom para o povo brasileiro.

Então, falam da dívida pública brasileira. Em 2024, o déficit nominal de R$ 1,111 trilhão. Só não falam que em novembro de 2024, o déficit primário foi R$ 71,3 bilhões, contra R$ 119,6 bilhões registrado no mesmo período de 2023. Ou seja, somente 6,41% do que representa a dívida pública.

O restante? Pergunte aos donos dos fundos de investimento que mandam e desmanda na econômica brasileira e, na prática, controlam os títulos da dívida. Cada ponto percentual que o Banco Central aumenta na taxa Selic representa R$ 50 bilhões a mais na dívida e nas botijas dos rentistas.

2025 é o ano pré-eleitoral dos congressistas e é evidente que o centrão virá com tudo para manter suas gigantescas mordidas no orçamento brasileiro. É preciso irrigar as bases para garantir suas reeleições. Ou seja, nos preparemos para um ano razoavelmente turbulento entre Congresso, Planalto e, muito provavelmente, Supremo Tribunal Federal.

Deveremos ter um ano tão confuso que muitos de nós sucumbirão à narrativa fácil e despolitizante das redes sociais, que reverberam de maneira simplista (não é o mesmo que simples) o que é narrado na mídia hegemônica. A ideia é nos fazer ver copos meio vazios ou sem água, mesmo quando houver água ou estarmos em via de encontrá-la. Desmobilizar moralmente é parte para nos desmobilizar – ainda mais! – para a luta política em curso no Brasil.

A classe dominante anseia por um Bolsonaro que não seja o Jair ou um de seus filhos e esposa. Trabalham o Tarcísio de Freitas, mas este – salvo uma hecatombe – só será candidato ao Planalto em 2030, após reeleito em São Paulo, mais conhecido no país e completamente trabalhado na narrativa de moderado. 

Tarcísio pode ser pior que Bolsonaro, que será preso em 2025, porque joga mais o jogo da dissimulação.

Em resumo, 2025 é central para o país. Será turbulento, confuso e muitas vezes, desestimulante, mas precisamos resistir, superar as dificuldades e passar por ele de cabeça erguida e construindo o Brasil que os brasileiros merecem, mais igual e justo. Mesmo que isso seja feito de maneira bem mais lenta dos que gostaríamos.

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