Dois dois principais temas para a classe trabalhadora neste momento são a redução da jornada de trabalho, com o fim da escala 6x1; e a garantia da isenção do imposto de renda para quem recebe até 5 mil reais mensais e a taxação dos super-ricos. Não é à toa que as centrais sindicais, juntas aos movimentos Povo sem Medo e Frente Brasil Popular, lançaram um plebiscito nacional para dialogar, convencer e mobilizar pessoas de todo o país acerca dessas pautas.
À primeira vista pode parecer algo que não precisa de muita força para ganhar as pessoas. Afinal, quem seria contra reduzir o tempo de trabalho, aumentando seu tempo livre para ficar com a família, para o lazer, estudo ou o que quer que seja? Ou quem seria contra isentar trabalhadores que recebem até 5 mil reais por mês de salário e cobrar os super-ricos, que somados são 141 mil pessoas entre mais de 200 milhões de brasileiros?
Se as coisas fossem tão simples assim, não haveria miséria, fome e exploração; não haveria tanta desvalorização profissional em uma série de categorias; não teríamos tão pouca representação, de fato, popular em parlamentos ou outros espaços institucionais; teríamos um mundo sem grandes conflitos, sem ameaças bélicas, sem genocídio. Poderíamos até ter um mundo socialista, por que não?
Mas a vida real é dura e nada vem aos trabalhadores sem muita luta. E por mais que as pautas da redução da jornada de trabalho e da isenção de Imposto de Renda e a consequente taxação dos super-ricos seja extremamente justa, inclusive na percepção da maioria dos brasileiros, é preciso convencer as pessoas a lutarem por isso, nem que seja para votar num plebiscito popular organizado pelos movimentos sociais.
Mais do que garantir votos numa urna, a campanha do Plebiscito Popular por um Brasil mais justo, é, talvez, a melhor oportunidade da classe trabalhadora, em toda sua diversidade, para conquistar corações e mente em torno das bandeiras de luta mais importantes neste momento, com condições reais de serem materializadas.
Porém, sem mobilização e organização dos dirigentes, sejam eles partidários, sindicais ou dos movimentos sociais e populares, essas bandeiras se perderão ao vento ou, se muito, serão aprovadas “pela metade” e com paternidade de quem não vive, nem nunca viveu, as agruras de da classe trabalhadora.
Sempre quando se fala em redução da jornada de trabalho, a mesma ladainha se repete: “empregadores vão falir”, “a economia vai quebrar”, “melhor ter um emprego ruim do que emprego nenhum”. Foi assim na luta pelo fim da escravidão ou pela criação do salário mínimo ou do 13º salário.
No primeiro exemplo, o fim da escravidão foi, segundo a narrativa da classe dominante, um presente aleatório de uma princesa. Os outros dois, ocorrem por obra divina do Espírito Santo, como se não tivesse havido muita luta para essas conquistas.
Portanto, não basta ser favorável. Não basta termos pautas praticamente consensuais entre a maior parte do povo brasileiro. É preciso convencê-lo a agir, a lutar.
Em relação à isenção no Imposto de Renda para quem recebe até 5 mil reais, é óbvio ululante que isso será aprovado pelos figurões do Congresso Nacional, mesmo a relatoria do tema na Câmara dos Deputados estando com Arthur Lira, do PP de Alagoas. O problema – para eles, evidente – que pode frear sua aprovação é a taxação módica – ressalte-se – de quem possui renda superior a 50 mil reais mensais. Somente para relembrar: estamos falando de uma “multidão” de 141 mil pessoas entre mais de 200 milhões de brasileiros.
Se fazer rico pagar imposto no Brasil fosse fácil, boa parte dos problemas de nosso país sequer existiriam. Então, o Plebiscito Popular por um Brasil mais justo é mais que necessário, é a principal ferramenta de luta para garantir que essas pautas vejam a lus do Sol.
As votações em si, ocorrem entre 1º de julho a 7 de setembro. Mas sem se isso ocorrer sem a devida mobilizações, sem o devido debate público, será algo feito somente para convertidos. Só conseguiremos fazer os engravatados do centrão, da direita – e até da extrema-direita, por que não? – aprovarem essas duas pautas se houver uma forte mobilização em torno delas.
O Planalto só comprará de fato essa briga se a parte mais interessada – os trabalhadores – estiverem minimamente mobilizados em torno delas. E aqui não estamos falando de dirigentes sindicais somente.
É preciso ter muitos votos nas urnas, mas não sem muito debate, muita discussão, muita conversa com amplos setores da população, dos profissionais autônomos aos CLT; dos que atuam na área de serviços a professores pesquisadores das universidades.
Se deixarmos passar essa oportunidade, talvez jamais tenhamos outra.
______________________________________________________
*SIGA o perfil do Plebiscito Popular por um Brasil mais justo no Instagram e fique por dentro das atividades (https://www.instagram.com/plebiscitopopular/?g=5)
**PROCURE seu sindicato, cobre, participe da construção dessa luta.
Nenhum comentário:
Postar um comentário