quarta-feira, 18 de junho de 2025

Quem vale mais: JHC ou a dupla Marcelo Victor/Paulo Dantas?

Paulo Dantas, Marcelo Victor, Renan Calheiros e JHC (Fotos: Reprodução)

Na política de Alagoas, tem uma pergunta que começa a martelar e que não é nada fácil de responder. Quem tem mais peso hoje? Quem senta na mesa com mais ficha de aposta? João Henrique Caldas, o JHC, prefeito de Maceió e dono de uma votação acachapante na capital? Ou a dupla Marcelo Victor, presidente da Assembleia Legislativa, e Paulo Dantas, governador de Alagoas?

A resposta não é simples e a política, a depender do dia, do vento e da maré política, muda de direção.

JHC, que foi alçado ao estrelato político como “novidade”, hoje carrega uma Prefeitura de Maceió robusta, uma base de opinião sólida na capital, uma mãe no Senado, Eudócia Caldas, um vice que era senador, Rodrigo Cunha, e, ainda por cima, uma emissora de TV e uma rádio local. É pouco? Claro que não, mas tem um detalhe: todo essa força é praticamente limitada à capital. E isso, na política estadual, é uma faca de dois gumes. Forte em Maceió, fraco fora dela.

Do outro lado da mesa, Marcelo Victor e Paulo Dantas fazem jogo combinado. Marcelo comanda a Assembleia Legislativa, que é simplesmente a casa onde se define quem respira e quem agoniza na política alagoana. A turma dele não é pequena, não. Só pra refrescar a memória, o MDB tem 14 dos 27 deputados estaduais. Isso mesmo: mais da metade da Assembleia na mão. E se quiserem, passam o rodo, aprovam, derrubam, fazem chover ou estiar por essas bandas.

Paulo Dantas, governador reeleito, também não é um peixe fora d’água. Herdou a estrutura montada pelos Calheiros, tem boa interlocução com Lula, vai migrar para o PSD e já deixou claro que, na sua cozinha, prato com JHC não se serve.

Aliás, esse movimento recente de Renan Calheiros, acenando para JHC, tem cheiro forte de jogo casado, mas sem garantia nenhuma de entrega, deixando Renan Filho no ministério em Brasília e isolando Arthur Lira, principal adversário – ao menos sob holofotes – de Renan Calheiros.

O senador Renan Calheiros começou a flertar abertamente com JHC. Em entrevista recente, escancarou: “busco proximidade”. É quase um “vem, neném” institucionalizado. E mais: deixou claro que, com Arthur Lira, não rola nem cafezinho. É guerra declarada, sem meia palavra.

Enquanto isso, o MDB joga praticamente parado por ser o principal centro gravitacional da política alagoana, apesar de o senador Renan Calheiros fazer uma série de falas públicas de sinalização às lideranças políticas locais, alimentando as conversas, testando cenários.

O mais curioso, porém, é que no meio desse xadrez surgiu uma ideia, digamos, inusitada: colocar Marina Cândia, primeira-dama de Maceió e esposa de JHC, como vice na chapa do MDB ao governo, tendo Isnaldo Bulhões como cabeça. É sério. A proposta foi colocada na mesa. E, claro, gerou reações das mais variadas.

Para quem acha que é pouco, lembre-se: Marina tem, sim, capital político próprio. Atua em projetos sociais na capital, goza da simpatia de setores organizados e, além disso, carrega o sobrenome Caldas, que, queiram ou não, ainda tem peso na capital alagoana.

Só que Marcelo Victor e Paulo Dantas não estão dispostos, neste momento, a embarcar nesse barco.

Por ora.

JHC tem força? Tem. Mas é força de capital. Se sair de Maceió, sua musculatura política sofre sarcopenia. Já Marcelo Victor e Paulo Dantas têm uma máquina azeitada, alinhada e capilarizada no interior inteiro. São prefeitos, vereadores, deputados estaduais e um governador que jogam no mesmo time. E isso pesa – muito.

Por outro lado, o grupo de JHC tem algo que Marcelo Victor e Paulo Dantas não têm: opinião pública da capital, mídia própria e um perfil mais leve, moderno, de comunicação direta. Enquanto o MDB e seus satélites ainda fazem política no modelo de cafezinho, gabinete e reunião fechada, JHC faz story, faz live, viraliza e pauta o noticiário local com uma habilidade que nenhum outro ator político em Alagoas tem hoje.

Então, quem vale mais?

Se o jogo for na Assembleia, Marcelo Victor e Paulo Dantas não tomam conhecimento. É atropelo. Mas se o ringue for Maceió e redes sociais, JHC sai com larga vantagem.

O problema, e isso é bom lembrar, é que eleição estadual não se vence só com voto na capital. E nem se sustenta só com tuitada ou vídeo no Instagram.

Por isso, a pergunta que abre esse texto segue em aberto.

Sendo Renan Filho o candidato a governador, problema zero com Marcelo Victor e Paulo Dantas. Se não for, nem tudo será flores. Evidente que também tudo pode ser resolver ao ponto de as divergências atuais "nunca tivessem existido".

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