JHC, Arthur Lira e Renan Calheiros (Imagem gerada por IA) |
Foi revelado pelo jornalista Ricardo Mota, do portal Cada Minuto, que foi firmado um acordo para as eleições de 2026 em Alagoas no qual, aparentemente, contempla os principais atores/campos políticos do estado. De fato, à primeira vista, todos saíram com algo na mão, mas o pacto não tão bom assim para todos ou não o suficiente.
Ficou acordado que Marluce Caldas, procuradora de Justiça do Ministério Público de Alagoas e tia do prefeito de Maceió, João Henrique Caldas (JHC), seria a indicada pelo presidente Lula para o Superior Tribunal de Justiça (STJ). Isso foi feito e agora resta a sabatina no Senado. Em contrapartida, JHC deixaria o PL – partido que comanda em Alagoas – e migraria para uma legenda da base de Lula, sendo o mais falado o PSB, e não seria candidato a nada em 2026, apoiando Renan Calheiros (MDB) e Arthur Lira (PP) para o Senado, e Renan Filho (MDB) para governador.
Isso se concretizando, JHC ficará pelo menos dois anos sem mandato, uma vez que sua segunda passagem pela Prefeitura de Maceió encerra em 2028. Além disso, o atual vice-prefeito, Rodrigo Cunha, abriu mão de tentar ser reeleito senador em 2026, deixando o mandato com Eudócia Caldas, mãe de JHC, para ocupar a titularidade na capital alagoana com a saída de JHC parra disputar o pleito do ano que vem. Com esse acordo, neca de pitibiriba.
Num outro lado desse triângulo, Arthur Lira ganha o apoio da prefeitura da maior cidade de Alagoas, onde vivem cerca de 1/3 da população do estado e, mesmo sem uma aliança formal com os Calheiros, no interior, a vida passa ao largo dos acordos formais de gabinete, especialmente quando boa parte dos prefeitos eleitos em 2024 foram apoiados peplo ex-presidente da Câmara dos Deputados, inclusive alguns emedebistas. Até a apresentação do relatório sobre reforma no Imposto de Renda foi usado para que o cenário local fosse resolvido com ação direta de Lula.
Na outra banda, os Calheiros garantiriam praticamente duas vitórias eleitorais em 2026, sendo uma sem grandes concorrências, a de Senado com Renan Calheiros, e a outra praticamente por W.O., a de governador com Renan Filho.
Tudo parece arrumado demais para ser materializar.
JHC vai ficar mesmo sem mandato por dois anos? Será? Por mais musculatura eleitoral própria que tenha, o prefeito de Maceió não tem grupo ou partido para lhe dar sustentação. E por mais votos que tenha, parece que tudo está concentrado na Grande Maceió. Além do que, se ele sai da disputa pelo centro do poder local, deixa de ser satélite político. Um sintoma disso já pudemos ver nos problemas recentes que temos visto na Câmara Municipal, que até este mês julho, nem liderança o prefeito tinha na Casa de Mário Guimarães e os vereadores atrasaram a aprovação de mais um empréstimo bilionário.
Se neste acordo estiver que JHC indicaria o nome para vice de Renan Filho, aí o atual governador de Alagoas, Paulo Dantas (MDB), e o presidente da Assembleia Legislativa, Marcelo Victor (MDB), botam trava. Ele não topam muito uma aliança com o prefeito de Maceió.
E aí vale responder: quem vale mais, o prefeito de Maceió, ou o governador e o presidente da Assembleia Legislativa de Alagoas?
Pelo histórico das relações políticas de JHC, não me parece que ele vai cumprir esse acordo, se ele foi fechado tal reportou Ricardo Mota. O prefeito de Maceió não será candidato, nem indicará a vice de Renan Filho, nem terá Eudócia Caldas disputado a reeleição ao Senado e ainda vai descumprir o combinado com seu atual vice, único que pode ser considerado do “grupo do prefeito”, ficando somente com uma tia no STJ?
Será mesmo? É muito pouco para JHC se manter como centro de gravidade de poder em Alagoas, ainda mais concorrendo com os Calheiros e os Lira.
Ronaldo Lessa, após deixar a Prefeitura de Maceió em 1996, passou dois anos sem mandato e foi eleito governador em 1998. Assim como JHC, ele era muito bem avaliado na capital alagoana, mas diferente do atual prefeito, Ronaldo Lessa tinha um partido forte com lideranças capazes de mantê-lo com alguma evidência, em especial, Kátia Born, que foi eleita prefeita de Maceió depois dele. Além disso, a confusão que o governo Divaldo Suruagy criou no estado deu a Ronaldo Lessa o ambiente perfeito para ser eleito.
E essa é outra diferença que temos para os dias atuais.
Pode até ser que esse acordo veja a luz do dia, mas em meu ver, não chega inteiro até o próximo Carnaval.
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