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Causando euforia em alguns, frustração em outros, a última pesquisa para o Senado em Alagoas, realizada pelo instituto Real Time Big Data, aponta, na maioria dos cenários, liderança de Renan Calheiros (MDB) para a disputa e coloca Arthur Lira (PP) em terceiro e/ou quatro lugar. Mas a pesquisa dá soma 100%, quando deveria dar 200% porque, em 2026, votaremos em dois nomes ao Senado. E é no segundo voto que mora a derrapada de leitura sobre essa disputa.
Vamos desconsiderar as questões partidárias e entender que todos os nomes postos na pesquisa serão candidatos ao Senado – ou possuem grandes chances de sê-los.
No cenário com Alfredo Gaspar e Davi Davino Filho, o mais compartilhado nas redes sociais, ao menos no X, especialmente por pessoas que não são de Alagoas, traz Arthur Lira em quarto lugar, tendo Renan Calheiros em primeiro.
Usando por base esse cenário e diante da conjuntura política atual, de alto acirramento entre direita e esquerda, responda você que lê esse artigo:
1 – Qual a chance de o eleitor mais politizado que pretende dar seu primeiro a Renan Calheiros votar em Arthur Lira para derrotar Alfredo Gaspar, que vocifera bolsonarismo na esperança de ser o rosto de espectro político em Alagoas?
2 – Qual a chance de o eleitor mais politizado que pretende dar seu primeiro a Alfredo Gaspar votar em Arthur Lira para derrotar Renan Calheiros, “amigo do Lula” em Alagoas?
As mesmas questões valem para o caso de Davi Davino Filho no lugar de Alfredo Gaspar.
Essas movimentações podem dar a Arthur Lira votação para sair da “lanterninha”, ou não?
Uma leitura precisa sobre as intenções de segundo voto ao Senado somente com uma pesquisa com essa pergunta e o devido cruzamento das respostas.
Agora, vamos às questões partidárias.
PP de Arthur Lira e União Brasil de Alfredo Gaspar formalizaram uma federação que, em Alagoas, está sob o comando de Arthur Lira. Então, Gaspar, se não mudar de partido, só será candidato se Arthur Lira permitir. Simples assim.
E como todos estes nomes, no quadro político local em Alagoas, estão no mesmo campo eleitoral – ao menos em princípio –, somente um deles será candidato ao Senado. E ninguém precisa ser expert em ciência política, bastando acompanhar as coisas minimamente, para saber que o nome é Arthur Lira.
E os motivos vão desde o papel que joga no cenário político nacional e local, tendo ajudado a eleger dezenas de prefeitos em 2024, até pelas condições objetivas de ele conseguir viabilizar – em todos os sentidos – outras candidaturas. Caberia a Alfredo Gaspar e a Davi Davino correr o risco de ficar sem mandato caso decidam disputar com o ex-presidente da Câmara dos Deputados uma vaga no Senado.
Inclusive, em entrevista a O Globo nesta segunda-feira (29), Lira foi taxativo sobre isso. “Davi Davino e Alfredo são aliados e não tem a possibilidade de sair Arthur, Davino e Alfredo (ao mesmo tempo para o Senado), nem tem espaço para isso”.
Mas vai que…, não é? Cada cabeça uma sentença.
Dos nomes colocados pelo Real Tima Big Data, o único que, de fato, tumultua o coreto é o João Henrique Caldas, conhecido por JHC, ainda no comando do PL em Alagoas. Partido, aliás, pode ir para as mãos de Arthur Lira em Alagoas, segundo o noticiário político local, após saída – se ocorrer – de JHC da legenda. Mas esse não é o assunto aqui.
Mesmo no comando do PL alagoano, assumido após deixar o PSB entre o primeiro e segundo turno da eleição presidencial de 2022, com direito a coletiva ao lado de Jair Bolsonaro em Brasília, JHC nunca usou as vestes de bolsonarista. Aliás, nem creio que o seja. Ele apenas quis se aproximar da maior fatia do eleitorado de Maceió.
JHC nunca vestiu as vestes de bolsonarista e as que tentaram colocar nele não vingaram.
Dito isso, ele é o nome que pode vencer ou Renan Calheiros ou Arthur Lira ao Senado porque pode ser o segundo voto dos dois. Mas e o segundo voto de JHC iria para quem? Em tese, o eleitorado mais progressista do prefeito de Maceió votaria em Renan e o mais conservador em Lira.
E nesta divisão, também em tese, Renan tem vantagem sobre Lira porque tem mais força política no estado: mais vereadores, mais prefeitos, mais deputados estaduais, mais deputados federais, um senador, além de si, um ministério e, no caso das eleições de 2026, terá Renan Filho como favoritíssimo ao Governo do Estado.
Tanto é assim que Renan Calheiros, faz somente alguns meses, insistiu um bocado para fechar aliança com JHC, dizendo que preferia o prefeito como concorrente ao Senado que Arthur Lira.
E ainda some a tudo isso o fato de que a maioria do eleitorado só define seus candidatos ao parlamento na reta final das campanhas eleitorais, especialmente o segundo voto para senador, o qual muita gente nem sabe – por incrível que possa parecer – que existe, achando que só se vota em um nome.
Enfim, pesquisas para o Senado, especialmente nas eleições de 2/3 da Casa, enganam muito.
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