Há 123
anos foi proclamado a República foi proclamada no Brasil. Setores
das forças armadas organizaram a deposição de D. Pedro II. Entre
as figuras mais destacadas estava Marechal Deodoro. Amigo do
Imperador e portanto figura mais fácil de se “embrenhar” pelas
estruturas do poder na época.
Dizem que
no dia 15 de novembro de 1889 ele estava doente, mas foi chamado para
o ato oficial da nova ordem.
De fato,
mesmo sendo um avanço, o que mudou foi apenas a forma de governo. O
Estado continuou elitista e toda a nobreza do Império manteve seu
status quo.
Só em
1932, com Getúlio Vargas e a chamada revolução constitucionalista
é que uma pouco da lógica foi combatida. Agora, ao invés das
elites paulistas e mineiras, as gauchas e fluminenses, por exemplo,
também começariam a ter vez.
Nessa
caminhada na construção de nosso país, tivemos diversos períodos
de exceção. Na verdade esse é o maior período dito democrático
de nossa História. 26 anos.
Há 26
anos extinguia-se a ditadura militar.
A palavra
“dito” antes de democrático mais acima se deve ao fato de que
até 2003, os mais pobres nunca tiveram perspectiva de ascender
social e economicamente no Brasil. De 1500 a 2002, nosso país, seu
Estado, apenas tinha olhos para manter o padrão das elites.
Tanto é
assim que ainda nem sabemos lidar com a democracia. Como disse, este
é o maior período democrático do país. Apenas 26 anos.
Temos
ainda miseráveis, ainda temos disparidades econômicas entre estados
e regiões. Ainda temos, apesar de grande diminuição, um
distanciamento enorme entre os mais ricos e os mais pobres.
Ainda
estamos construindo nossa democracia.
Ainda
temos pessoas que vibraram com as condenações dos réus da Ação
Penal 470. uma Ação sem provas. Cuja a teoria jurídica para
condená-los foi, segundo o autor dessa teoria, deturpada. Retirou-se
o direito de defesa.
Se formos
listar as incongruências da Ação Penal, não tem texto que dê.
A postura
dos ministros do STF. Com risos irônicos e deboche. Debocharam foi
do povo brasileiro ao rasgarem a Constituição que tanto tentam
fazer-nos pensar que são guardiões.
Um
julgamento que, segundo reportagem em CartaCapital, houve acordo de
minstros do Supremo com líderes do PSDB sobre o rito do julgamento.
O relator
da Ação e próximo presidente do Supremo, Joaquim Barbosa –
apesar de um belo currículo acadêmico e jurídico – não passa de
um tresloucado. Alguém que trata a divergência no grito, na ofensa.
Mas que
serviu a grande imprensa brasileira. A mesma que apoiou o golpe
militar de 64 e que move montanhas para que artigos constitucionais
não sejam regulamentados. Um império de quatro famílias que
monopolizam a informação no Brasil.
É óbvio
que esta elite da informação é antipovo. Manter o povo adormecido
é condição sine qua non
para sua manutenção imperial.
Mas
mesmo ela, comete erros. Entre eles fortalecer os disparates de
Joaquim Barbosa. Agora existe, mesmo que remota, a possibilidade de
julgamento dos esquema de corrupção, repleto de provas contra o
PSDB.
Sem
contar processos como o do desvio de R$ 33 milhões do INCRA no
governo FHC, no qual entre os réus está a esposa de Ricardo Noblat
de O Globo. Está aí um dos motivos para tentarem a todo custo
desmoralizar Dias Toffoli, relator do processo.
Ou
mesmo o escândalo da privataria tucana, onde milhões de reais foram
desviados das privatizações dos governos FHC, expostas em livro
repórtagem do jornalista Amaury Ribeiro Júnior e que o Poder
Judiciário finge não existir.
Agora,
se for petista ou de esquerda ou pobre, não se precisa de provas
para condenar alguém.
A
grosso modo adicionaram mais um “P” no jargão popular sobre
impunidade no Brasil: “Só vai preso preto, pobre, puta e petista”.
O
que o país assiste é a caçada ao primeiro operário que se tornou
presidente. Ao presidente que deu, pela primeira vez na História do
Brasil, perspectiva de um futuro aos mais pobres.
Nem
de longe fez governos perfeitos, mas de mais longe é o melhor
presidente que este país já teve.
Isso
as elites não suportam. Não suportam o sucesso de Dilma. Sucessora
de Lula.
Não
suportam o fato de que Lula e Dilma não são, ou pouco são,
atingidos pelas campanhas golpistas da grande mídia.
Pior
do que a melhoria da qualidade de vida do povo, é o fato de que o
sistema político das elites tem falhas e que nessas falhas setores
antagônicos aos seus ideais conseguiram controlar uma parte do
aparato de Estado.
Isso
não é o mesmo que Poder. O Poder continua nas mãos da classe
dominante.
O
que dá para fazer é voltar, um pouco que seja, o Estado para os que
mais precisam. Isso o povo já percebeu. Por isso não se deixa
iludir como em outros tempos pela realidade fictícia da mídia.
Isso
não só não é perdoado como entendido. Haja vista os malabarismos
textuais e teóricos para justificar as sucessivas derrotas
eleitorais.
Apregoam
que o Brasil mudou a partir do julgamento da AP 470, mas existem um
sem números de processos parados na Justiça. Entre eles o
“mensalão” tucano. Este em vias de prescrever.
Coisas
que pareciam superadas no Brasil, voltaram à tona nos últimos anos.
Do obscurantismo a julgamentos de exceção.
Nesse
15 de novembro temos muito a comemorar, mas também temos muito a nos
preocupar e lutar. Comemoração plena somente quando todas as
injustiças forem superadas, inclusive as da Justiça.
2 comentários:
Sobre só "preto, pobre, puta e petista" serem presos, discordo. Não verás praticamente nenhum preto preso nas filmagens e fotos das cadeias ou "fundações CASA", ex-Febem, mas sim, seus cadáveres nos IML. Verifique-se o que reiteradamente constato já há décadas!
“Feliz dia da República! Comemore aquela quartelada dos insatisfeitos com a soltura dos escravos e a ameaça de indenizá-los. De golpe em golpe, agora condenamos os responsáveis pelo melhor momento desta infeliz nação subjugada pelas matrizes coloniais. É atávico. Ficou no DNA”
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