quarta-feira, 14 de novembro de 2012

15 de novembro para lutar



Há 123 anos foi proclamado a República foi proclamada no Brasil. Setores das forças armadas organizaram a deposição de D. Pedro II. Entre as figuras mais destacadas estava Marechal Deodoro. Amigo do Imperador e portanto figura mais fácil de se “embrenhar” pelas estruturas do poder na época.

Dizem que no dia 15 de novembro de 1889 ele estava doente, mas foi chamado para o ato oficial da nova ordem.

De fato, mesmo sendo um avanço, o que mudou foi apenas a forma de governo. O Estado continuou elitista e toda a nobreza do Império manteve seu status quo.

Só em 1932, com Getúlio Vargas e a chamada revolução constitucionalista é que uma pouco da lógica foi combatida. Agora, ao invés das elites paulistas e mineiras, as gauchas e fluminenses, por exemplo, também começariam a ter vez.

Nessa caminhada na construção de nosso país, tivemos diversos períodos de exceção. Na verdade esse é o maior período dito democrático de nossa História. 26 anos.

Há 26 anos extinguia-se a ditadura militar.


A palavra “dito” antes de democrático mais acima se deve ao fato de que até 2003, os mais pobres nunca tiveram perspectiva de ascender social e economicamente no Brasil. De 1500 a 2002, nosso país, seu Estado, apenas tinha olhos para manter o padrão das elites.

Tanto é assim que ainda nem sabemos lidar com a democracia. Como disse, este é o maior período democrático do país. Apenas 26 anos.

Temos ainda miseráveis, ainda temos disparidades econômicas entre estados e regiões. Ainda temos, apesar de grande diminuição, um distanciamento enorme entre os mais ricos e os mais pobres.

Ainda estamos construindo nossa democracia.

Ainda temos pessoas que vibraram com as condenações dos réus da Ação Penal 470. uma Ação sem provas. Cuja a teoria jurídica para condená-los foi, segundo o autor dessa teoria, deturpada. Retirou-se o direito de defesa.

Se formos listar as incongruências da Ação Penal, não tem texto que dê.

A postura dos ministros do STF. Com risos irônicos e deboche. Debocharam foi do povo brasileiro ao rasgarem a Constituição que tanto tentam fazer-nos pensar que são guardiões.

Um julgamento que, segundo reportagem em CartaCapital, houve acordo de minstros do Supremo com líderes do PSDB sobre o rito do julgamento.

O relator da Ação e próximo presidente do Supremo, Joaquim Barbosa – apesar de um belo currículo acadêmico e jurídico – não passa de um tresloucado. Alguém que trata a divergência no grito, na ofensa.

Mas que serviu a grande imprensa brasileira. A mesma que apoiou o golpe militar de 64 e que move montanhas para que artigos constitucionais não sejam regulamentados. Um império de quatro famílias que monopolizam a informação no Brasil.

É óbvio que esta elite da informação é antipovo. Manter o povo adormecido é condição sine qua non para sua manutenção imperial.

Mas mesmo ela, comete erros. Entre eles fortalecer os disparates de Joaquim Barbosa. Agora existe, mesmo que remota, a possibilidade de julgamento dos esquema de corrupção, repleto de provas contra o PSDB.

Sem contar processos como o do desvio de R$ 33 milhões do INCRA no governo FHC, no qual entre os réus está a esposa de Ricardo Noblat de O Globo. Está aí um dos motivos para tentarem a todo custo desmoralizar Dias Toffoli, relator do processo.

Ou mesmo o escândalo da privataria tucana, onde milhões de reais foram desviados das privatizações dos governos FHC, expostas em livro repórtagem do jornalista Amaury Ribeiro Júnior e que o Poder Judiciário finge não existir.

Agora, se for petista ou de esquerda ou pobre, não se precisa de provas para condenar alguém.

A grosso modo adicionaram mais um “P” no jargão popular sobre impunidade no Brasil: “Só vai preso preto, pobre, puta e petista”.

O que o país assiste é a caçada ao primeiro operário que se tornou presidente. Ao presidente que deu, pela primeira vez na História do Brasil, perspectiva de um futuro aos mais pobres.

Nem de longe fez governos perfeitos, mas de mais longe é o melhor presidente que este país já teve.

Isso as elites não suportam. Não suportam o sucesso de Dilma. Sucessora de Lula.

Não suportam o fato de que Lula e Dilma não são, ou pouco são, atingidos pelas campanhas golpistas da grande mídia.

Pior do que a melhoria da qualidade de vida do povo, é o fato de que o sistema político das elites tem falhas e que nessas falhas setores antagônicos aos seus ideais conseguiram controlar uma parte do aparato de Estado.

Isso não é o mesmo que Poder. O Poder continua nas mãos da classe dominante.

O que dá para fazer é voltar, um pouco que seja, o Estado para os que mais precisam. Isso o povo já percebeu. Por isso não se deixa iludir como em outros tempos pela realidade fictícia da mídia.

Isso não só não é perdoado como entendido. Haja vista os malabarismos textuais e teóricos para justificar as sucessivas derrotas eleitorais.

Apregoam que o Brasil mudou a partir do julgamento da AP 470, mas existem um sem números de processos parados na Justiça. Entre eles o “mensalão” tucano. Este em vias de prescrever.

Coisas que pareciam superadas no Brasil, voltaram à tona nos últimos anos. Do obscurantismo a julgamentos de exceção.

Nesse 15 de novembro temos muito a comemorar, mas também temos muito a nos preocupar e lutar. Comemoração plena somente quando todas as injustiças forem superadas, inclusive as da Justiça.

2 comentários:

Betho disse...

Sobre só "preto, pobre, puta e petista" serem presos, discordo. Não verás praticamente nenhum preto preso nas filmagens e fotos das cadeias ou "fundações CASA", ex-Febem, mas sim, seus cadáveres nos IML. Verifique-se o que reiteradamente constato já há décadas!

Luis Celso Lula dos Santos disse...

“Feliz dia da República! Comemore aquela quartelada dos insatisfeitos com a soltura dos escravos e a ameaça de indenizá-los. De golpe em golpe, agora condenamos os responsáveis pelo melhor momento desta infeliz nação subjugada pelas matrizes coloniais. É atávico. Ficou no DNA”