Mais do
que apenas quebrar monopólios e oligopólios, regulamentar os meios
de comunicação no Brasil ou em qualquer país é garantir o bom
exercício do jornalismo. Com mais grupos atuando em condições de
igualdade no meio, a pluralidade e o acesso à informação são mais
intensos.
Na
Argentina o governo de Cristina Kirchner, mesmo com alguns
retrocessos, segue vencendo a luta contra o Grupo Clarín. Grupo que
detém sozinho mais da metade da comunicação social do país. E,
segundo depoimento da viúva do fundador da única fábrica de papel
imprensa argentina, Lidia Papaleo, seu patrimônio lhe foi tomado sob
tortura durante a ditadura e depois passada ao grupo hegemônico.
Entre os
torturadores estava o principal acionista do Grupo Clarín, Héctor
Magneto.
Tanto lá
como aqui, os grupos de comunicação se alinharam às ditaduras e
tornaram-se todos poderosos, ditando que tipo de informação que
circula no Brasil. Diferente do país vizinho, aqui ao invés de um
único grupo, temos quatro. O principal é a Globo com todo o seu
poderio midiático nacional. Somam-se a ela no controle de
informações, o grupo Estado, Editora Abril de Veja e o grupo Folha.
Para quem
não sabe, a MTV pertence à Editora Abril e a TV Cultura de São
Paulo o PSDB está entregando à Folha.
Recentemente
a Globo foi condenada a pagar R$ 1,35 milhão em indenização por
danos morais pelo caso da Escola de Educação Infantil Base de
dezoito anos atrás. Foram acusados de drogar e molestar crianças os
sócios donos da escola Icushiro Shimada, Maria Aparecida Shimada,
Mauricio Alvarenga e Paula Milhim Alvarenga. Expostos, julgados e
condenados pela imprensa sem nenhuma chance de defesa. Tiveram por
uma vida, as suas destruídas pela “grande imprensa”.
Mas não
somente a Globo entoava a mentira. Jornais do Grupo Folha estampavam
nas manchetes que “peruas carregavam crianças para a orgia” ou
que “Kombi era motel na escolinha do sexo”.
Alguém
em algum lugar viu, leu ou escutou algum tipo de retratação por
parte dos veículos de comunicação às vitimas de sua campanha
difamatória?
Se for
para relatar todos os casos explícitos de jornalismo de esgoto, não
há texto que caiba.
São
estes grupos que ditam o tipo de informação que chega até aos
brasileiros. Não por acaso, aumenta a parcela da população que
não confia na imprensa.
A última
do grupo Folha, dono da UOL, foi divulgar pornografia como
jornalismo. E pior, pornografia demonstrando estupros.
No
Brasil, um sem número de mulheres são violentadas todos os dias.
Não há razão alguma que justifique esse tipo de publicação – a
não ser a prática permanente de péssimo jornalismo deste grupo –
em um dos maiores sites de notícias do país.
Regulamentar
os artigos constitucionais que versam sobre os meios de comunicação
estão para além da informação. Significam limpar a sarjeta onde
infelizmente se encontra o jornalismo brasileiro. Pelo menos a
autoproclamada “grande imprensa”.
O que
causa desconforto é que temos no Brasil excelentes jornalistas. Bons
em apuração e em texto. Inventivos, sagazes. Estes acabam, ou
rendendo-se ao campo hegemônico no jornalismo brasileiro ou ficando
à margem do mercado, secundarizados.
Precisamos
deixar a rivalidade com a Argentina apenas no futebol e aprender com
eles nesse momento.
Se as
faculdades de Comunicação Social em todo o país não debaterem
essa realidade para extinguir a vontade de boa parte de estudantes de
serem William Bonner e Fátima Bernardes, nossa qualidade
jornalística tende a piorar e se os setores mais interessados em
democratizar a comunicação não intensificarem cada vez mais esta
discussão, em especial os sindicatos de jornalistas em todo o Brasil
e a Federação Nacional dos Jornalistas (FENAJ).
Claro que
isso somado à regulamentação da Comunicação Social no Brasil.
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