domingo, 23 de dezembro de 2012

Abaixo o jornalismo de esgoto


Mais do que apenas quebrar monopólios e oligopólios, regulamentar os meios de comunicação no Brasil ou em qualquer país é garantir o bom exercício do jornalismo. Com mais grupos atuando em condições de igualdade no meio, a pluralidade e o acesso à informação são mais intensos.

Na Argentina o governo de Cristina Kirchner, mesmo com alguns retrocessos, segue vencendo a luta contra o Grupo Clarín. Grupo que detém sozinho mais da metade da comunicação social do país. E, segundo depoimento da viúva do fundador da única fábrica de papel imprensa argentina, Lidia Papaleo, seu patrimônio lhe foi tomado sob tortura durante a ditadura e depois passada ao grupo hegemônico.

Entre os torturadores estava o principal acionista do Grupo Clarín, Héctor Magneto.

Tanto lá como aqui, os grupos de comunicação se alinharam às ditaduras e tornaram-se todos poderosos, ditando que tipo de informação que circula no Brasil. Diferente do país vizinho, aqui ao invés de um único grupo, temos quatro. O principal é a Globo com todo o seu poderio midiático nacional. Somam-se a ela no controle de informações, o grupo Estado, Editora Abril de Veja e o grupo Folha.

Para quem não sabe, a MTV pertence à Editora Abril e a TV Cultura de São Paulo o PSDB está entregando à Folha.


Recentemente a Globo foi condenada a pagar R$ 1,35 milhão em indenização por danos morais pelo caso da Escola de Educação Infantil Base de dezoito anos atrás. Foram acusados de drogar e molestar crianças os sócios donos da escola Icushiro Shimada, Maria Aparecida Shimada, Mauricio Alvarenga e Paula Milhim Alvarenga. Expostos, julgados e condenados pela imprensa sem nenhuma chance de defesa. Tiveram por uma vida, as suas destruídas pela “grande imprensa”.

Mas não somente a Globo entoava a mentira. Jornais do Grupo Folha estampavam nas manchetes que “peruas carregavam crianças para a orgia” ou que “Kombi era motel na escolinha do sexo”.

Alguém em algum lugar viu, leu ou escutou algum tipo de retratação por parte dos veículos de comunicação às vitimas de sua campanha difamatória?

Se for para relatar todos os casos explícitos de jornalismo de esgoto, não há texto que caiba.

São estes grupos que ditam o tipo de informação que chega até aos brasileiros. Não por acaso, aumenta a parcela da população que não confia na imprensa.

A última do grupo Folha, dono da UOL, foi divulgar pornografia como jornalismo. E pior, pornografia demonstrando estupros.

No Brasil, um sem número de mulheres são violentadas todos os dias. Não há razão alguma que justifique esse tipo de publicação – a não ser a prática permanente de péssimo jornalismo deste grupo – em um dos maiores sites de notícias do país.

Regulamentar os artigos constitucionais que versam sobre os meios de comunicação estão para além da informação. Significam limpar a sarjeta onde infelizmente se encontra o jornalismo brasileiro. Pelo menos a autoproclamada “grande imprensa”.

O que causa desconforto é que temos no Brasil excelentes jornalistas. Bons em apuração e em texto. Inventivos, sagazes. Estes acabam, ou rendendo-se ao campo hegemônico no jornalismo brasileiro ou ficando à margem do mercado, secundarizados.

Precisamos deixar a rivalidade com a Argentina apenas no futebol e aprender com eles nesse momento.

Se as faculdades de Comunicação Social em todo o país não debaterem essa realidade para extinguir a vontade de boa parte de estudantes de serem William Bonner e Fátima Bernardes, nossa qualidade jornalística tende a piorar e se os setores mais interessados em democratizar a comunicação não intensificarem cada vez mais esta discussão, em especial os sindicatos de jornalistas em todo o Brasil e a Federação Nacional dos Jornalistas (FENAJ).

Claro que isso somado à regulamentação da Comunicação Social no Brasil.

Nenhum comentário: