O
Instituto Datafolha divulgou pesquisa com o índice de confiabilidade
na imprensa. Segundo a pesquisa, 28% das pessoas não confiam nela, enquanto 22% “confiam muito”. Na pesquisa anterior os
números eram 18% e 31%, respectivamente. O número dos que “confiam
um pouco” permaneceu estável, variou de 51% para 50%.
Para
alguns, o motivo da queda na confiança na imprensa se deve à sua
partidarização. E partidarização à direita e sempre, sempre
contra Lula, Dilma, o PT e a esquerda.
Mas não
é só isso. Se a imprensa fosse partidarizada, mas ao menos
praticasse jornalismo. Fizesse a apuração como se deve; não usasse
de métodos criminosos como arapongagem para conseguir provas; não
inventasse provas; se não exercesse o moralismo seletivo que lhe é
tão peculiar hoje e essencialmente, os jornais – com raríssimas
exceções – são iguais. Talvez a confiança nela se mantivesse
alta.
Os
jornais são muito iguais. As manchetes são as mesmas; os lides
(primeiros parágrafos das notícias) são cópias. Até parece que é
a mesma pessoa que escreve e na hora de mandar para a publicação,
colocam o nome de algum repórter. Não se tem nem imaginação para
publicar.
Em evento
realizado no último dia 15/12 em Maceió, o presidente da Federação
Nacional dos Jornalistas (FENAJ), Celso Schröder, defendeu a
necessidade da defesa do jornalismo e também afirmou estarmos
vivendo uma “crise do bom jornalismo”. Segundo ele, está se
trocando informação por opinião.
Quem mais
deforma o jornalismo no Brasil é a autoproclamada “grande
imprensa”. É ela que passa opinião como informação. É ela que
desvaloriza o jornalista quando manda recém-formados atuarem como
arapongas. É ela que nega tudo o que ditam os preceitos do bom
jornalismo quando vocifera contra setores da sociedade, como
trabalhadores rurais sem terra, contra partidos políticos ou exige
condenações sem provas. E quando estimula o fim da harmonia entre
os poderes da República.
Não há
possibilidade de bom jornalismo na concentração da informação.
Num país do tamanho do Brasil, cinco ou seis famílias determinam
qual informação e como ela vai chegar à população.
Aparentemente
temos vários jornais e revistas, e haveria aí, uma democratização da
informação. Ledo engano. Temos muito coisa de nada. Os jornais
regionais reproduzem os realeses das agências de notícias
nacionais, todas dos chamados “jornalões”.
Duvida?
Se você não for do eixo RJ/SP, abra seu jornal na editoria
“nacional”. Verá Folha Press, Agência Estado e Agência O
Globo, predominantemente.
Acontece
que as pessoas não são mais bobas. Agora, com a internet a
informação circula com mais agilidade e outras leituras dos fatos
estão à disposição.
Sinceramente,
o número da insatisfação com imprensa me surpreendeu. Achava que o
número do que não confiam fosse maior, mas ele está aumentando. De
repente até está. O instituto que realizou a pesquisa é da Folha
de São Paulo. Não causaria estranheza que isso fosse uma realidade.
Ruim para
nós. Se não podemos confiar nas informações que circulam no país,
como poderemos pensar as resoluções de nossos problemas?
As pessoas estão confirmando Raul Seixas. “Não preciso ler jornais,
mentir sozinho eu sou capaz”.
*Onde
se lê jornais, leia-se também revistas, sites e Veja (recuso-me
a chamar Veja de revista. Ela é uma coisa feita em papel couché)
Um comentário:
Há anos, muitos anos mesmo, venho notando esta tendência do anti-jornalismo em alguns órgãos da imprensa. Tudo começou com a famigerada revista Veja. Na década de 90 eu deixei de assiná-la pois, além de conter muita, mas muita mesmo, propaganda, distorcia muito as notícias. Plantava golpes. Fez isto com o Ibsen Pinheiro. Na época deixei de assina-la e comecei a campanha na família contra a revista. Ganhei poucos adeptos. Hoje a "doença" da veja virou epidemia e o jornalismo brasileiro virou um jornalismo de mentiras, desinformação e golpes. Já não assino mais nada, prefiro ler blogs "sujos" e portais da internet. Havia, na mesma década de 90, uma revista excelente intitulada "Cadernos do Terceiro Mundo", que faliu por falta de conscientização do povo, que se acostumou a este jornalismo podre.
Trazer a tona o Raulzito foi boa lembrança sua. Este trecho de sua música serve de lema para o jornalismo atual. Parabéns, Cadu, pela lembrança:
“Não preciso ler jornais, mentir sozinho eu sou capaz”.
Postar um comentário