Que o modus operandi
da política no Brasil precisa mudar é quase unanimidade, mas pouca
gente se move para que isso se torne realidade. Tanto a influência
econômica quanto necessidade das alianças partidárias amplas, da
forma como estão configuradas as regras do jogo, precisa ter fim.
Dilma Rousseff acaba de indicar, o atual vice-governador de São Paulo,
Guilherme Afif Domingos (PSD), para a Secretaria da Micro e Pequena
Empresa. Ela tem status de ministério.
Afif
é quadro político da direita brasileira. Não há motivos para
dourar pílula, mas a entrada do PSD no governo garante mais
estabilidade no Congresso, especialmente diante do cabo de guerra com
o Judiciário. Sem falar no arco de alianças para as eleições de
2014.
Se
ao invés das eleições proporcionais que temos, onde
se vota em pessoas e o tempo de TV é fundamental em campanhas cada
vez mais caras e à mercê das vontades de seus financiadores,
tivéssemos o voto no
partido, e financiamento público barateando as campanhas,
possibilitando o debate programático em vez do pragmático, a
política institucional no Brasil teria menos “aberrações”.
Se
a mídia no país se dispusesse a debater a política com ênfase em
programas e concepções em vez de torcidas e militância para os
seus – não me refiro à imparcialidade, isso é um mito –,
talvez nossa realidade concreta fosse outra, mesmo dentro das regras
atuais. Sim, a mídia tem grande influência nisso, ainda mais em uma
sociedade midiatizada como a nossa.
Dora
Kramer, do Estadão, afirma que Serra ainda pode ser o candidato do
PSDB em 2014 no lugar do Aécio Neves, aquele que consegue discursar
por meia hora sem falar a palavra povo e inclusão. Desde que foi
lançado como nome tucano à sucessão presidencial, o
mineiro-carioca sofre com a desaprovação da imprensa paulista. “Só
São Paulo salva” está no paradigma das suas linhas editoriais. Ao
lado de “morte ao PT”. Qualquer pesquisa na internet e se
encontra mais explicitações do serrismo
do
Estadão e da
Folha.
Outra
patética postura da imprensa sobre o jogo político em curso foi de
Míriam Leitão – aquela que não acerta uma. Na rádio CBN
(Globo), ela acusou Afif de fazer políticas para “prejudicar o
cidadão” e seu histórico de direita no país.
Ganha
um doce que achar algum comentário semelhante sobre Afif feita por
ela quando suas mãos estavam dadas com o tucanato.
O
debate sério sobre a política brasileira não passa pela “grande
imprensa”. Aliás, nada sério e com profundidade passa. É bem
verdade que os agentes diretos da política inúmeras vezes também
não ajudam a mudar esse quadro. Mas não dá para cobrar perfeição
em nenhum setor da sociedade, seja no Brasil ou em qualquer outro
lugar. Ainda mais nossa mídia, venhamos e convenhamos.
Sobre
o resultado prático dessa “aquisição” para a base governista,
dentro das regras do jogo, impostas inclusive pela classe dominante,
foi um “chute no peito” da oposição. O que era pequeno vai
ficando menor. Com certa força – mídia e Judiciário –, é
verdade. Cabendo em um fusquinha.
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