O governo
de Alagoas lançou uma campanha publicitária ressaltando o sucesso
de suas ações no combate à violência. Nela aparecem crianças
brancas com velas e o seguinte jargão: Alagoas está acendendo uma
luz em comemoração à vida. Entre os dias sete e oito de maio, em
um período de doze horas, foram cometidos nove assassinatos somente
em Maceió e região metropolitana. Isso mesmo, em doze horas, apenas
na região metropolitana aconteceram nove assassinatos.
Quantas
velas as famílias das vítimas devem acender para comemorar a vida,
segundo o governo tucano em Alagoas? E o restante da população,
quantas?
O
governador Teotônio Vilela (PSDB) prova a cada dia o erro que é o
seu governo. Na questão da segurança é fácil ver helicópteros
sobrevoando o céu da capital Maceió. Se passa pela área nobre se
vê apenas a presença de um policial na lateral da aeronave, se
passa na periferia uma metralhadora completa a cena que mais parece
saída dos filmes Tropa de Elite.
Há
uma clara criminalização da pobreza. A caríssima campanha na tevê
é simbólica. São crianças BRANCAS que estão comemorando a vida.
Às negras resta-lhe a sorte de não serem baleadas nas portas de
suas casas.
O
maior fator que gera criminalidade é a concentração de renda. Como
reflexo disso a falta de acesso à educação de qualidade – Ainda
existem escolas que não iniciaram o ano letivo de 2012! –, cultura
e moradia. Bom exemplo são as vítimas das cheias em 2010. O governo
federal mandou os recursos para a reconstrução das casas há
bastante tempo e o governo, comemora a entrega de casas no final
desse ano. A zombaria com o povo alagoano é sem tamanho.
Alagoas
é um estado surgido do latifúndio canavieiro. São os senhores de
engenho que determinam a política e a economia na terra dos Caetés.
Teotônio Vilela Filho representa a união do poder político ao
econômico. Se já colocar um preposto na cadeira de governador é
benéfico para a “doce” elite alagoana, ter um dos seus é algo
que ainda não tem nome.
Como
não tem nome a isenção fiscal – mais uma como se os usineiros já
não tivessem o suficiente – cujo o Estado de Alagoas abriu mão de
receber em torno de R$ 80 milhões.
Para
passar a impressão de incansável na luta contra a violência, o
tucanato investe em uma série de aparatos. Até uma “batcaverna”
com telas mostrando imagens de câmeras espalhadas por várias
regiões de Maceió foi montada. A Força Nacional instalou-se de vez
no estado. O programa “Brasil mais seguro” despeja milhões de
reais, mas nada disso faz efeito. O centro da causa da violência não
é tocado: a concentração de riqueza.
Mesmo
com as políticas de transferência de renda do governo federal, que
injetam muito mais dinheiro na economia local como um todo, não
conseguem reduzir a contento a disparidade entre os mais ricos e os
mais pobres. Para além da questão financeira, diga-se de passagem.
Se há uma ocupação de terra, em pouco tempo – horas às vezes –
é emitida a reintegração de posse. Se uma capataz ou mesmo o dono
de latifúndio mata um trabalhador sem terra, anos passam e o crime
não é solucionado e os responsáveis julgados.
Se
morre um branco em um bairro de classe média em pouco tempo os
assassinos são detidos. Se houver repercussão na mídia, é capaz
que antes do enterro da vítima o crime já esteja solucionado. Mas
se morre, como acontece aos montes todos os dias, um trabalhador
negro da periferia, vira estatística. Isso também com homossexuais
e violência contra as mulheres.
As
velas de Teotônio Vilela são para quem mesmo? O índice de mortes
por cem mil habitantes em Alagoas passa dos 50. É o mesmo que uma
guerra. Para quem e para quê são as velas de Teotônio? Na cara
propaganda se afirma que é em celebração à vida, mas está mais
para fazer orações pedindo para que o tucanato saia logo do governo
de Alagoas. Se o poder no Estado ainda é dos senhores do açúcar,
pelo menos o aparelho do poder executivo local precisa –
urgentemente – mudar. E haja vela para chorar os mortos alagoanos.
3 comentários:
Bravo, Cadu! As velas são pro nosso enterro! O que mais me entristece é essa análise da terra de coronéis que ainda somos e que não consigo sentir que estejamos saindo... Teo Vilela foi REELEITO e temo que o desgoverno psdbista continue reinando por nossa terra, mesmo após as próximas eleições, talvez numa carinha mais disposta e jovial, mas psdbista. O eleitor alagoano merecia um estudo antropológico/psiquiátrico...
Em Alagoas... a violência atinge em alta proporção jovens entre 18 e 29 anos, homem, e de pele parda/negra, em bairros da periferia. Enquanto isso o governo do Estado, divulga que a proporção de homicídios diminuiu. Eu sei que essa verdade é dolorosa, mas nós cidadãos temos o dever de não acreditar nessa Mentira Governamental. Estamos vivendo numa guerra civil velada.
Se você não conhece ninguém que morreu em Alagoas por conta da violência, você é um privilegiado, porém não deve se calar diante desse holocausto juvenil.
O perfil de quem morre vítima está traçado e sabemos que não choca a sociedade quando o Jovem que mora em periferia morre, porque este é tido enquanto criminoso, não enquanto vítima. Mas você já se perguntou e se fosse comigo? Ou com meu irmão, meu amigo? Meu vizinho?
Vamos Repensar a política de segurança pública. Será mesmo que a polícia consegue barrar essa violência que aniquila cada vez mais nossa juventude?
Aonde estão os INVESTIMENTOS em políticas sociais?
O que vamos fazer para barrar essa Barbárie?
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O animal na contramão da história, Lula lideraou o maior programa de iluminação no NE como em Alagoas "estão à luz de velas?". A maior opositora dessa besta é a crente da blusa branca psolista né? Talvez venha daí tanta idiotice;
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