quinta-feira, 22 de dezembro de 2022

Lula: “Montar ministério é mais difícil que ganhar eleição”; então, imagine governar

Lula anuncia mais 16 ministros (Foto: Reprodução)


O presidente eleito Lula (PT) anunciou, no fim da manhã de 22 de dezembro em Brasília, mais 16 nomes de sua equipe para seu próximo governo, que inicia em 1º de janeiro de 2023. Durante o anúncio, o petista ressaltou que “montar ministério é mais difícil que ganhar eleição”. A fala de Lula não é à toa, ainda mais diante da complexidade do sistema político brasileiro e da diversidade de novo povo.

Lula também, em tom de brincadeira, alertou que os que estão com expectativa de novos nomes, “aguardem” e também reforçou a necessidade de garantir presença de todos os setores – políticos e sociais – que contribuíram na campanha eleitoral e também na transição de governo.

Montar um ministério requer dar forma à conjunção das forças políticas que estiveram na campanha eleitoral e que comporão o Congresso Nacional em seu governo, especialmente quando o resultado das urnas para o parlamento não foi tão favorável assim.

O reforço de Lula sobre o restante da composição de seu ministério teve, em meu ver, endereço certo. Sim, me refiro à Simone Tebet (MDB) e à Marina Silva (Rede), que já foi ministra do Meio Ambiente de Lula e, provavelmente, repetirá a dose no terceiro governo do petista.

Já o nome da emedebista, vinha circulando no noticiário – numa campanha evidente, ressalte-se – como nome para o Desenvolvimento Social, mas esta pasta, que gerencia o programa Bolsa Família, ficou com o ex-governador do Piauí, Wellington Dias, do PT.

A dificuldade política em colocar Simone Tebet nessa pasta se dá porque o Bolsa Família é a grande vitrine social dos governos petistas e a emedebista é potencial candidata à Presidência da República em 2026. Até aí, nada demais. É da política e isso faz parte.

Mas Simone Tebet só fica fora do ministério de Lula se quiser, mas não quer dizer que ela ocupará a pasta que deseja. Eu já comentei sobre isso nesse texto (LEIA AQUI) e não vou me alongar mais nesse assunto.

Além dos espaços às forças políticas, é preciso, ao montar um ministério para um país como o Brasil, entender como lidar com as – justas – questões de representatividade, seja política, étnica, de gênero, orientação sexual e também regional. Promover a junção disso tudo é o grande segredo, mas não tem como não haver quem fique insatisfeito. Isso também faz parte.

Em meu ver, a maior dificuldade será contemplar os setores que não estiveram na campanha, mas que precisam compor o próximo governo, dando ainda mais amplitude à frente ampla contra o que se chama bolsonarismo. Lula, inclusive, ressaltou essa necessidade no anúncio dos novos nomes.

E por que contemplar forças que não marcharam junto na campanha eleitoral? Eu já citei isso, mas não custa repetir: pelo resultado da eleição ao Congresso Nacional. Ou seja, é matemática política pura.

Lula já obteve três importantes vitórias antes de assumir a Presidência: inconstitucionalidade do orçamento secreto e Bolsa Família fora do teto de gastos, em decisões do Supremo Tribunal Federal (STF); e a aprovação da PEC da Transição. 

As decisões do STF reequilibram o jogo entre Lula e o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP), como comentei em texto anterior (LEIA AQUI). “Mas, mesmo com o reequilíbrio de forças entre Lula e Arthur Lira, segue sendo necessário o pacto não agressão entre o próximo presidente e aquele que ainda será o presidente da Câmara dos Deputados. Daí, sigo na aposta de que algum espaço ao líder do centrão no próximo governo será dado”.

E a aprovação da PEC da Transição, após as decisões do STF, não tornam Arthur Lira “rolete chupado” na disputa política em Brasília (LEIA MAIS AQUI).

Além do que, o primeiro ano do terceiro governo Lula será o mais difícil, seja por questões orçamentárias, daí a importância da PEC da Transição, seja pelo caos administrativo e de políticas públicas deixadas pelo “sainte” Jair Bolsonaro.

Inclusive, um resumo desse quadro foi repassado à imprensa minutos antes do anúncio da nova leva de ministros. O relatório completo está ao fim deste texto. Mas só para ter uma ideia, falando em políticas públicas, “Apenas 60% dos dados do Cadastro Único para Programas Sociais estão atualizados. O Cadastro também está desfigurado: das cerca de 40 milhões de famílias inscritas, 13,9 milhões compõem arranjos unipessoais. Isso tem impacto não apenas na concessão do Auxílio Brasil, mas também em outros 30 programas que utilizam o Cadastro, inclusive os programas de transferência de renda de Estados e Municípios. O governo Bolsonaro incluiu milhares de pessoas do CadUnico e ameaçou retirar em função da má gestão e da falta de recursos”.

Destruir sempre foi mais fácil que construir, em qualquer coisa da vida. Reconstruir é ainda mais difícil porque quem destruiu ainda está por aí. No caso, o reacionarismo de boa parte das pessoas, seja do ponto de vista econômico, seja do ponto de vista político.

Veja a lista dos ministros já anunciados, primeiro os de 22/12:

Portos e Aeroportos: Márcio França

Ciência e Tecnologia: Luciana Santos

Mulher: Cida Gonçalves

Desenvolvimento Social, Família e Combate à Fome: Wellington Dias

Cultura: Margareth Menezes

Trabalho e Emprego: Luiz Marinho

Igualdade Racial: Anielle Franco

Direitos Humanos: Silvio Almeida

Indústria e Comércio: Geraldo Alckmin

Relações Institucionais: Alexandre Padilha

Secretaria-Geral da República: Márcio Macêdo

Advocacia Geral da União: Jorge Messias

 Saúde: Nísia Trindade

Educação: Camilo Santana

Desenvolvimento Social; Wellington Dias

Controladoria Geral da União: Vinícius Marques de Carvalho 

Primeira leva

Fazenda: Fernando Haddad 

Defesa: Flávio Dino 

Casa Civil: Rui Costa 

Defesa: José Mucio

Relações Exteriores: Mauro Vieira

Justiça: Flávio Dino

Relatório do gabinete de transição:


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