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Em recente
leitura para realização de trabalho para a faculdade de jornalismo que estou
cursando, do livro “Padrões de manipulação da grande imprensa” de autoria do
sociólogo e jornalista Perseu Abramo, sobre as formas e os porquês da
manipulação da informação por parte da grande imprensa brasileira, escrito em 1988, descobri que seus escritos são de uma atualidade sem
precedentes.
O
comportamento partidário da grande imprensa para atender seus interesses
políticos, seus “truques’ para ludibriar a sociedade e o comportamento das
classes dominadas diante dela (grande imprensa) parecem que foram escritas
ontem.
A
característica desta obra mostra como a ciência é atemporal e como a grande imprensa
brasileira é ardilosa na busca de seus objetivos de conquista e manutenção do
poder.
Na
edição também conta com um artigo do jornalista Aloysio Biondi sobre como a grande
imprensa ajudou o governo FHC a superar crises e manipulando a opinião pública na
avaliação de sua passagem frente à Presidência da República. Para quem estiver interessado em comprá-lo, clique aqui
Abramo
não só afirma que a grande imprensa tornou-se um partido político como também
elenca as características similares entre os tipos de organização (empresa x
partido). Abaixo as características que mais me chamaram a atenção elencadas
por ele em seu ensaio.
“7. Os partidos são um ponto
de referência para segmentos sociais, têm seus simpatizantes e seu eleitorado.
Os órgãos de comunicação também são um ponto de referência para milhares ou
milhões de leitores/espectadores, têm seus simpatizantes e seguidores, o seu leitorado”;
“9. Os partidos procuram conduzir partes da sociedade ou o conjunto da
sociedade para alvos institucionais, para a conservação de algumas instituições
e para a transformação de outras; têm enfim um projeto histórico relacionado
com o poder. Os órgãos de comunicação também procuram conduzir a sociedade, em
parte ou no todo, na direção da conservação ou da mudança das instituições
sociais; têm, portanto, um projeto histórico relacionado com o poder.” e “10.
Os partidos têm representatividade, em maior ou menor grau, na medida em que
exprimem interesses e valores de segmentos sociais; por isso destacam, entre seus
membros, os que disputam e exercem mandatos de representação, legislativa ou
executiva. Os órgãos de comunicação agem como se também recebessem mandatos de
representação popular, e alguns se proclamam explicitamente como detentores de
mandatos. Oscilam entre se auto-suporem demiurgos da vontade divina ou
mandatários do povo, e confundem o consumo dos seus produtos ou índice de
tiragem ou audiência com o voto popular depositado em urna” – páginas
45 e 46 da 2ª reimpressão.
Nada
mais atual!
Como nada
mais atual também a reação daqueles que se indignam com o nocivo comportamento
da grande imprensa brasileira.
A passagem
que mais me chamou a atenção foi: “Num
primeiro plano, as classes politicamente dominadas tenderão, cada vez mais, a
desmistificar o jornalismo e a imprensa. Não mais terão motivos para acreditar
ou confiar na imprensa e seguir suas orientações... No segundo plano, as
classes dominadas tenderão a passar a um nível superior de defesa e
contra-ataque em relação à imprensa. Passarão a tratar os órgãos como eles se
apresentam e se comportam, isto é, como entes político-partidários, e não como
instituições de informação e conhecimento, acima do bem e do mal, acima da luta
de classes e distantes da disputas do poder.” – pág. 49
O que
vemos hoje é a grande imprensa se comportando como um partido de oposição aos
governos de Lula e Dilma. Oposição aos movimentos sociais, oposição a qualquer
passo quê se dê para ampliação da democracia no Brasil, entre os quais a
regulamentação dos meios de comunicação. Não foi à toa que a grande imprensa
brasileira apoiou o golpe militar de 64.
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A grande
imprensa não cita nem de longe o envolvimento da revista Veja, um de seus
pares, com o bicheiro Carlos Cachoeira e faz de tudo para que nenhum membro da
revista deponha na CPMI que investiga as relações do bicheiro.
A grande
imprensa todos os dias passa ao povo brasileiro o retrato de um país que não
existe. Se na ditadura, e até aos governos de FHC, a imagem passada era de um
jardim de flores, de 2003 pra cá é de circo dos horrores.
Mas,
felizmente, as pessoas cada vez menos (longe do que deveria) estão se emancipando
da influência da grande imprensa. Não é à toa que a audiência da “poderosa”
caiu significativamente. Boa parte deste fenômeno se deve ao surgimento da
internet e das redes sociais. É cada vez maior o número de pessoas com acesso à
net.
Sobre a
economia quando não dá pra esconder o bom momento em que vive o país, soltam a
mesma ladainha de que a onda foi gerada por FHC.
Chamam
toda a população brasileira de palhaços!
A
mudança de postura do Estado em relação à economia no governo Lula é gritante.
Antes, no período FHC, tínhamos um Estado observador da economia e a partir de
Lula um Estado indutor da economia. Aquém do que deveria ou poderia, pois FHC
destruiu o Estado nacional com suas privatizações à preço de banana e sem que nenhuma
nota de rodapé sobre o maior roubo da História do país fosse divulgada.
Nem mesmo
com o lançamento, em 2010, do livro “A Privataria Tucana” do jornalista Amaury
Júnior. Este repleto de documentos contando como o Serra, a Abril, a Globo, a
Folha, o Estadão e o Reynaldo Azevedo ganharam dinheiro com as privatizações.
Abramo
está mais atual do que nunca. Se quando vivo a imprensa era o principal partido
da situação e sob esta condição foi que ele escreveu seu ensaio, hoje ela
(imprensa) é o maior (e único em atividade) partido de oposição.
Lembrando
que parte da esquerda não é poder no Brasil. Parte da esquerda dirige o aparato
de Estado no Brasil numa composição de governo de coalizão.
Poder é
outra coisa. É ilusão achar que o PT é poder no Brasil. O poder no Brasil pertence
aos donos do capital, à Igreja católica (e às outras em geral), aos bancos e às grandes corporações. A
grande imprensa é o seu partido político, seu instrumento de luta ideológica
que mantém parte do povo adormecido. Do mesmo jeitinho que acontece no filme
Matrix (quem nunca assistiu, recomendo).
2 comentários:
Parabéns Cadu!
Excelente comentário. O Brasil precisa muito, proncipalmente neste momento, de pessoas como você.
Um abraço,
Cirley.
Parabéns Cadu!
Excelente texto.
Abraços.
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