sábado, 3 de fevereiro de 2024

Precisamos mudar nosso comportamento nas redes sociais/internet



Somos muito suscetíveis às narrativas que tiram fatos de contexto, mesmo aqueles mostrados em vídeo. Geralmente, nas redes sociais circulam trechos de frases de efeito, sejam elas positivas ou negativas.

Nosso comportamento é – quase – sempre o de engajar por impulso ou por achismo. Achamos algum conteúdo bom ou ruim somente pelo título ou imagem visualização que os links geram nas redes sociais.

Se esta imagem é de Lula ou Bolsonaro, para citar os dois principais personagens da política brasileira neste momento, o repasse adiante e a formação de certeza do que se trata o conteúdo ofertado é instantâneo. Seja positiva ou negativamente.

Em plataformas como o Twitter (ou X), os reposts ocorrem aos montes, como se repetir uma “verdade” nossa desenfreadamente fosse torná-la absoluta para todos.


É um misto de efeito manada, viés de confirmação e preguiça em refletir sobre o assunto em questão. E se o conteúdo vier de alguém que nos referenciamos, esse comportamento aumenta.

Ainda falando no twitter e me citando como exemplo – para não falar dos outros –, a quantidade de repostagens dos conteúdos que faço é enormemente maior que os cliques nos links que disponibilizo. Sem falar nos comentários que nada tem a ver com os textos ou vídeos que ofertei.

Outra característica desse comportamento é a não auto permissão para ler, ver ou ouvir todo o conteúdo proposto ao surgir uma palavra ou frase que nos soa discordante. Nem ao menos nos permitimos mais tempo para entender o contexto do que está sendo exposto.

E é esse tipo de comportamento que nos faz, inclusive, cair em falsas polêmicas, como as recentes falas de Lula sobre candidaturas ou sobre a menina negra no evento da fábrica automotiva.

Lula não disse que não se pode ter candidaturas de negros ou indígenas, ele defendeu que esse não seja somente o motivo para alguém ser candidato e que é preciso ter inserção em movimento social, tem força política real para que isso se transforme em votos. Lula também não agiu para desmerecer a garota negra, mas ele repetiu o que muitos ali poderiam pensar ao vê-la no palco sem ter sido citada, sem ser liderança política, empresarial ou artista. A jovem, como ele enfatizou ao final da fala, se destacou através do estudo ao tempo em que trabalhava na fábrica.

Defendemos ou atacamos sem ao menos ouvir o que de fato foi dito, o que veio antes o que veio depois. Ficamos somente com aquela pinçada e pronto. Concordamos ou discordamos. Está certo ou errado e ponto final.

Se não pararmos com isso, seguiremos gritando a esmo, num ambiente onde todo mundo fala, mas ninguém escuta.

Precisamos ouvir, ler e assistir mais o que nos aparece em nossas telas de computadores e celulares. Ser atentos para entender o que está sendo dito ou se querendo dizer, compreender o contexto dos argumentos. Daí, concordar ou discordar, no todo ou em parte, vai de cada um.

Que a extrema-direita fique agindo como manada, sem reflexão e só na base da reafirmação por repeteco. Nós, não.

5 comentários:

Anônimo disse...

Todo mundo só gritando suas opiniões achando que sabe de tudo. Bom texto

Suzana Barros

Anônimo disse...

Ninguém lê além da manchete.

Anônimo disse...

Não tenho redes sociais, mas lido com elas em razão do meu trabalho. Outro dia, vendo os comentários em uma peça publicitária, referente a uma marca de camisa masculina, tive
a comprovação sobre o porque de não me sentir seduzido pelas redes, onde todos se empoderam e escrevem ou dizem o que vem na cabeça, mas, quando se analisa, pouca coisa ou quase nada se aproveita.

A peça em questão dizia que uma marca X estava vendendo camisas POLO em uma mega promoção. Na legenda dizia que havia camisas nos tamanhos P, M e G, além do preço.

De 28 comentários, 23 perguntavam se havia o tamanho ao qual tinham interesse, bem como questionam sobre o valor do produto.

Resultado: Quase a totalidade viu a peça, mas não leu a legenda, onde citava que havia camisas de todos os tamanhos e o valor promocional. Justamente o que o texto do blog mostrou: nas redes, as pessoas se atentam a informação principal, mas não se fixam às complementares, que, muitas vezes, fazem toda a diferença para a compreensão e a formação do juizo de valor sobre determinado assunto. E quando se trara de política, então....é um caos.

Anônimo disse...

Não tenho redes sociais, mas lido com elas em razão do meu trabalho. Outro dia, vendo os comentários em uma peça publicitária, referente a uma marca de camisa masculina, tive
a comprovação sobre o porque de não me sentir seduzido pelas redes, onde todos se empoderam e escrevem ou dizem o que vem na cabeça, mas, quando se analisa, pouca coisa ou quase nada se aproveita.

A peça em questão dizia que uma marca X estava vendendo camisas POLO em uma mega promoção. Na legenda dizia que havia camisas nos tamanhos P, M e G, além do preço.

De 28 comentários, 23 perguntavam se havia o tamanho ao qual tinham interesse, bem como questionam sobre o valor do produto.

Resultado: Quase a totalidade viu a peça, mas não leu a legenda, onde citava que havia camisas de todos os tamanhos e o valor promocional. Justamente o que o texto do blog mostrou: nas redes, as pessoas se atentam a informação principal, mas não se fixam às complementares, que, muitas vezes, fazem toda a diferença para a compreensão e a formação do juizo de valor sobre determinado assunto. E quando se trara de política, então....é um caos.

Abraço: Josenildo Torres

Anônimo disse...

Excelente análise. Hoje nos deparamos com informações superficiais, dadas por vídeos de 1 minuto ou menos, manchetes que nem sempre refletem o conteúdo da notícia, opiniões leigas amplamente divulgadas nas redes sociais... e tudo isso reflete na política e na popularidade das personalidades políticas. É uma ode à superficialidade, que só nos levou, até agora, à imbecilidade e ao negacionismo científico. Como reverter esse processo?