quarta-feira, 1 de fevereiro de 2023

Retorno do parlamento precisa fortalecer luta contra o fascismo à brasileira

Congresso Nacional (Foto: Divulgação)

Neste 1º de fevereiro voltam a funcionar as casas legislativas de todo o país, das assembleias nos estados, câmaras municipais e o Congresso Nacional. Com isso, o jogo político se intensifica no Brasil, uma vez que projetos de lei passarão a dar o tom do debate público, além do cabo de guerra em torno de fortalecimento de bases de apoio e de oposição.

No Brasil, o cenário geral ainda é de polarização, mas não em torno de candidaturas, mas, sim, entre democracia e fascismo, mesmo que à brasileira. Daí entra na expectativa que postura aqueles que se dizem oposição a Lula (PT) adotarão, se vão pormenorizar a extrema-direita ou se se manterão distantes desse campo, impondo um limite no convívio político em prol da civilidade e da democracia no país.


É comum fenômenos sociais serem naturalizados com tempo e isso não se dá somente no Brasil. Mas com o fascismo isso não pode ocorrer e é assim que os fascistas ganham terreno. A dinâmica de pautas e votações nos parlamentos acaba por deixar temas como esse em segundo plano.

Outro fator que facilita a naturalização desse tipo de coisa nos parlamentos é o desagrado em relação aos governos, o que faz que opositores se unam ignorando o limite da democracia. “Eu quero derrotar o governo e um junto com quem tiver”, é mais ou menos assim o raciocínio.

Ou seja, o alvo mais concreto e de retorno eleitoral com mais alcance à mão tende a se sobrepor ao que está no horizonte. E como o Brasil jamais soube lidar com a extrema-direita, fica mais fácil de que as ações desse campo sejam pormenorizados.

Os parlamentos ganham mais força no atual cenário brasileiro porque é nas casas legislativas que ocorrem os principais debates políticos e é preciso reforçar o pacto contra o fascismo, independente das demais posições.

Para isso, em meu ver, é preciso arregimentar o maior número possível de parlamentares – em todas as esferas do Estado brasileiro – para contrapor à extrema-direita, independente se no passado alguns nomes estiveram com essa gente. Muitos não enxergaram o risco de fortalecer essa nova direita que surgia no pós-2013.

Mas agora, não. Em 2023 já nítida a face autoritária e violenta desse campo e permitir que ele cresça – ainda mais por dentro das instituições – é dar margem para a destruição da democracia. 

É hora de juntar os diferentes para derrotar os antagônicos, como repetiu um sem número de vezes o presidente Lula durante a campanha eleitoral de 2022. O antagonismo aí é com aqueles que visam destruir a democracia. E estes sempre atuam bradando sua defesa, num jogo de palavras para ludibriar boa parcela da população e ganhá-la para si.

O parlamento é a caixa de ressonância da sociedade e é lá que esse debate – e enfrentamento – deve se dar com mais força. Jamais, jamais, se pode deixar que fascismo à brasileira seja naturalizado (mais do que já está!).

Combater o fascismo no Brasil não significa aderir à base de apoio ao governo Lula e esse entendimento pode dificultar que alguns parlamentares se unam a quem já entendeu esse jogo. No campo da democracia pode ter de tudo, menos fascista. Ponto.

E também cabe aos democratas, os de verdade, entender que nesse campo cabe a divergência e o debate – acirrado, até – de ideias. E isso quer dizer luta por aprovação de projetos de lei entre parlamentares e na sociedade, por que não? 

Esse é o jogo democrático sendo jogado e só pode jogá-lo quem aceita as regras ou se quiser mudá-las o fará através do debate civilizado e não através do grito, pela força.


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