Escolha de Lula para a PGR é a mais importante que as anteriores |
Nesta quinta-feira, 26 de outubro, completará um mês sem que a Procuradoria-Geral da República (PGR) tenha um titular. Com a saída de Augusto Aras – o bajulador-mor de Jair Bolsonaro –, o órgão que comanda o Ministério Público no Brasil está sob a interinidade da subprocuradora Elizeta Ramos, vice-presidente do Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP). O presidente Lula (PT) tem demorado mais para fazer esta indicação que o de costume.
Desde a campanha eleitoral de 2022, com destaque à entrevista para o Jornal Nacional durante a corrida do primeiro turno, Lula já adiantava que não escolheria o sucessor de Aras com base nae lista tríplice da Associação Nacional do Ministério Público (ANMP) – na prática, um sindicato –, gesto não previsto em lei e implantado por Lula ainda em seu primeiro mandato.
Sempre é bom a gente entender que o gesto de Lula significava que ele abria mão de exercer seu poder enquanto presidente da República. Um naco pequeno, é verdade, mas abria mão de poder. E deu no que deu. Nenhum órgão interno de controle, mais especificamente o CNMP, pôs freio na patota da Lava Jato em Curitiba.
O conluio do Ministério Público Federal do Paraná (MPF-PR) com o juizeco Sergio Moro resultou num conjunto de crimes que destruíram parte da indústria brasileira e bagunçou a já confusa política brasileira, a criminalizando. Com destaque para o PT e o próprio Lula.
Até mandar recursos brasileiros para os Estados Unidos essa turma pensou e executou. Assim como criar um fundo para que estes fizessem política e encherem seus bolsos.
Tudo também em conluio com a imprensa grande, que legitimou cada vírgula mal escrita da horda lavajatista.
Também é sempre bom lembrarmos que o lavajatismo é o bolsonarismo de sapatênis. Ou seja, tudo manifestação do “fascismo à brasileira”, como costumo fala em meu canal no Youtube.
Augusto Aras pode até ter atuado para pôr fim à Lava Jato, mas isso se deu por interesse de Jair Bolsonaro que em poucos meses rompeu com aquele que lhe prestou a melhor ajuda nas eleições de 2018. Sergio Moro prendeu Lula para que o petista não concorresse naquele pleito e foi ser ministro da Justiça do capitão reformado do Exército.
Lula precisa escolher a dedo quem comandará a PGR pelos próximos anos. Não porque precise de ajuda na esfera do Judiciário, mas para pôr alguém que tenha, realmente, uma visão de Estado para o órgão, que não se envaideça com holofotes e nem ceda a pressões de toda ordem.
E se tem uma coisa que é abundante no Ministério Público, em qualquer esfera, é a vaidade por holofote e pouco espírito de Estado. O segundo problema vem desde as faculdades, penso eu. Há pouca ou nenhuma formação política, no sentido de se entender a diferença entre Estado e governos, a importância do distanciamento das disputas partidárias, de temas que cabem à política decidir. Em resumo, entender que é parte do trampo ficar distante da vida política.
Um fator que amplifica mais esse problema é o fato da origem de classe da maioria dos estudantes de Direito no Brasil, os que já lhe dão um caráter mais elitista. E sem a formação política – no sentido mais amplo da palavra – breu.
É evidente que os chefes dos ministérios públicos se relacionam com a esfera política, mas estes devem manter as instituições distantes das disputas.
O primeiro diz respeito à natureza atual de nossa sociedade, cada mais midiatizada e, por consequência, idiotizada. No popular, todo mundo quer ser artista.
Agora, se juntarmos os dois fatores citados acima teremos um prato cheio para novas Lava Jato.
Essa escolha de Lula para a PGR não é qualquer coisa. É a mais importante de todas. Talvez só equivalente à de Sepúlveda Pertence, o primeiro PGR após a redemocratização.
Tanto a Lava Jato é problema que um monte de lavajatista por aí agora nega seu amor pelo sapatenismo bolsonarista, como, por exemplo, a própria Elizeta Ramos, os nomes saídos da lista da ANMP e por aí vai. Até o Aras andou negando Jair Bolsonaro para tentar se manter no cargo.
É verdade que não se pode demorar demais para escolher o nome que comandará o Ministério Público no país, mas diante da importância da escolha, deixa Lula com o tempo dele.
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