Bolsonaristas em Santa Catarina, em 2022, fazendo saudações nazistas (Reprodução) |
O resultado das eleições para o Parlamento Europeu, neste domingo (9), em alguns países chamou a atenção em alguns países, especialmente na Alemanha e na França, onde os neonazifascistas foram os mais votados e o presidente Emmanuel Macron convocou novas eleições para o parlamento francês tendo por base o artigo 12 da constituição daquele país.
Contudo, apesar do alarde manchetário da mídia, o saldo geral não foi de hegemonia da extrema-direita. Esse campo deverá ocupar 171 cadeiras, de 720 do total. O crescimento foi de 37 eurodeputados, segundo o portal Renascença, de Portugal, que, aliás, que apresentou redução na votação do Chega, partido de extrema-direita.
Mas o fato é que o neonazifascismo está aí em todo lugar de democracia liberal. E veio para ficar um bom tempo. O total desse período vai depender da reação dos setores democráticos, se se cometerá o mesmo erro da primeira metade do século 20 ou não.
O nazifascismo é a resposta brutal da classe dominante às crises que o sistema capitalista cria e não consegue dar respostas nem mesmo de fachada. Foi assim no século 20, está sendo assim agora.
Lá trás havia crise econômica e migratória; mudança geopolítica com novas potências surgindo e uma Europa saída de uma guerra. Agora, temos uma grave concentração de riqueza, o que gera crise, temos guerras e também migração. A xenofobia na Europa está aí para ilustrar.
Um parêntese, no Brasil, a xenofobia se dá contra a população dos estados da região Nordeste, principalmente.
Em vez de reformular sua estrutura para atender às necessidades dos trabalhadores e dos mais pobres, se endurece ainda mais a opressão classe, sempre, é óbvio, com um pé no militarismo e na religião.
A unidade contra a volta do nazifascismo tem de ser inteligente, entender as particularidades de cada país e até recuos pontuais em determinadas pautas, especialmente se essas ajudarem na consolidação dessa unidade.
Não adianta bater de frente todas as vezes, em todas as pautas, essencialmente porque não há unidade nos setores democráticos.
Os alvos mais políticos, por assim dizer, da extrema-direita são os partidos tradicionais – à direita e à esquerda – que vêm se revesando na administração do capital há décadas. Logo, para a massa que sente no lombo a crise do capitalismo, todos são iguais, mesmo com as diferenças programáticas que esses campos ideológicos possuem.
No Brasil, tudo é comunismo. E isso se dá devido às políticas de proteção social, implementadas desde a década de 1990, aliada à baixa capacidade cognitiva e à alta mesquinharia socioeconômica da classe média brasileira. Some o golpismo permanente dos militares brasileiros e temos aí quase uma tempestade perfeita para a presença na vida política do hoje chamamos de bolsonarismo, mas que já chamamos de integralismo, na segunda metade do século 20.
Ainda em nosso caso, temos um vácuo da direita “tradicional”, que perdeu força eleitoral – por N razões – carece de lideranças nacionais com mínimo de força política. Então, como não existe espaço vazio na política, o fascismo à brasileira o ocupou.
Essa malta ficará por aí por muito tempo e até poderão remodelar sua casca, bancando moderação, mas não podemos deixar que sua presença na vida política seja naturalizada, sob pena de vermos um remake de um filme que não devemos ver novamente.
Um comentário:
...essencialmente não há unidade nos setores democráticos - isto parece ser o mais problemático: as firulas, as "futildades" em que se perdem e perdem espaço
Postar um comentário