Cinquenta bilhões de reais. Esse é o tamanho da fraude contábil nas Americanas, provocada por seus acionistas que estão entre as figuras mais ricas do país. Aos menos do que se sabe até aqui.
O Jornal Nacional, da TV Globo, noticiou a contabilização da fraude de R$ 50 bilhões por alguns segundos e não citou o nome dos sócios da empresa: o trio de bilionários da 3G Capital, Beto Sicupira, Jorge Paulo Lemann e Marcel Telles. Detalhe que esse valor é cerca de dez vezes maior do que se atribui a desvios da Petrobras.
Quando estes nomes são citados, o são para afirmação de inocência, de que não sabiam de nada e que foram enganados. Se não com esses termos, nessa linha.
Um escárnio com a inteligência alheia.
Os três bilionários também têm um naco da Eletrobras recém-privatizada e que Lula (PT) tenta reaver o controle decisório para a União. Por incrível que pareça, armaram um esquema que o Estado brasileiro, mesmo sendo o maior acionário da empresa, não tem poder de decidir seus rumos.
Há poucos dias, um áudio dos três ricaços em que eles tratam da Eletrobras vazou. Segundo reportagem do Hora do Povo, de 12 de junho de 2023, “A 3G Radar, de Pedro Batista de Lima Filho, que tem como sócio a 3G Capital, do trio bilionário Jorge Paulo Lemann, Marcel Telles e Carlos Alberto Sicupira, apesar de deter 1,3% do capital total da Eletrobrás, o que é irrelevante no que se refere ao poder de decisão, hoje ocupa posições estratégicas no Conselho de Administração da companhia, por exemplo, para definir a diretoria, os planos estratégicos da empresa, além da política de distribuição de lucros e dividendos. A 3G Radar detém 10,88% das ações preferenciais – as que têm prioridade para receber dividendos”.
Ou seja, apesar de terem, oficialmente, uma parte bem pequena das ações da Eletrobras, o trio faz o que quer lá dentro. Qual a chance de porem tudo a perder como fizeram com as Americanas?
Também já é sabido, por conta da “CPI das Americanas” no Congresso Nacional, que o rombo foi usado para bancar lucro fictício que pagou impostos, dividendos e bônus para diretores, através de um lucro fictício.
Segundo o que foi apresentado à CPI, a Americanas utilizava o chamado "risco sacado" para gerar caixa com uma entrada de R$ 18 bilhões e criou um mecanismo com verba de propaganda cooperada fictícia no valor de R$ 17 bilhões para reduzir essa conta.
Mas essa CPI, que desnuda os ricaços do país, não tem espaço na mídia grande que prefere deixar Arthur Lira (PP), presidente da Câmara dos Deputados, soltar chantagens a Lula (PT). O motivo não é difícil de saber: os donos dos grandes veículos de comunicação do Brasil são da mesma laia dos fraudadores da Americanas.
Ricaços com pouca – ou nenhuma – sintonia com o povo brasileiro, tampouco com a legislação vigente no país. A lei, para essa turma, só vale para os mais pobres.
Além disso, expor esse esquema dá luz à enganação de que tudo que é privado é melhor; que empresas privadas são mais eficientes e honestas que as empresas públicas. Ou seja, leva ao pó a solidez narrativa do deus mercado.
Como dizia Marx, tudo que é sólido se desmancha no ar.
Mas também confirma outra máxima: Aos amigos, tudo...
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